Universidade do Minho desenvolve vacina contra a candidíase invasiva

15 de Julho 2025

A Universidade do Minho (UMinho) testou com sucesso em animais uma vacina contra a candidíase invasiva, uma infeção fúngica que pode ser fatal para doentes imunocomprometidos, como aqueles que fazem transplantes ou quimioterapia, foi hoje anunciado.

Em comunicado, a UMinho refere que, nos ensaios pré-clínicos, animais vacinados registaram menos sintomas, maior taxa de sobrevivência e melhoria do estado geral do organismo após infeção.

A equipa da Escola de Ciências da UMinho, liderada por Paula Sampaio, quer agora fazer testes clínicos em humanos, para aferir a segurança e eficácia da vacina.

O projeto nasceu há 10 anos nos laboratórios em Braga e, após várias tentativas, foi criada uma nanopartícula esférica de gordura (lipossoma), que transporta e apresenta duas proteínas do fungo ‘Candida albicans’ ao sistema imunitário.

Este reconhece-as e ataca o fungo quando o volta a ver.

“Estas infeções são difíceis de diagnosticar atempadamente e de tratar, devido à toxicidade e resistência aos antifúngicos, mas a nossa vacina experimental conseguiu estimular o sistema imunitário a reconhecer e combater o fungo”, revela Paula Sampaio.

A investigadora diz acreditar que a vacina pode vir a reduzir a mortalidade, os internamentos prolongados e os custos associados, “podendo ser um avanço importante na proteção de doentes em risco”.

Os resultados do trabalho saíram na revista “npj Vaccines”, do grupo Nature.

As infeções por “Candida” mais frequentes surgem nos genitais, dobras da pele, unhas, boca e sistema digestivo.

No entanto, em pacientes com imunidade baixa, este fungo pode entrar na corrente sanguínea, infetando órgãos internos e provocando candidíase invasiva.

A candidíase invasiva afeta 1,5 milhões de doentes por ano, sendo que cerca de um milhão (63%) acaba por morrer.

Diferentes de vírus e bactérias, os fungos geram pouca atenção, mas as suas infeções são cada vez mais frequentes e paralelas, como aquando da Covid-19.

A Organização Mundial de Saúde lista o ‘Candida albicans’ entre os fungos mais urgentes na pesquisa científica e médica.

Paula Sampaio lembra que a candidíase é uma infeção “oportunista, por vezes confundida com outras condições, o que dificulta o diagnóstico e reduz a perceção pública da sua gravidade”.

“A ausência de campanhas de sensibilização e o fraco conhecimento geral sobre infeções fúngicas também levam a que seja subvalorizada no debate sobre saúde pública. Mais do que diagnósticos eficientes, precisamos sobretudo de terapias para baixar a percentagem de mortalidade”, sustenta.

lusa/HN

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