Da Medicina à Física Quântica: Como a IA Está a Redefinir a Ciência

19 de Julho 2025

A IA está a revolucionar a ciência, acelerando descobertas em saúde, ambiente, energia, computação quântica e investigação fundamental. Ferramentas como Microsoft Discovery e Aurora da Microsoft otimizam diagnósticos, preveem desastres climáticos e criam materiais inovadores, transformando o conhecimento humano.

A inteligência artificial (IA) transcendeu tarefas criativas ou administrativas, abrindo novos horizontes para a ciência. Ferramentas generativas aceleram investigações e revelam insights desde células humanas a ecossistemas globais. Peter Lee, responsável pela Microsoft Research, afirma: “A descoberta científica é uma das aplicações mais importantes da IA”, destacando a capacidade da IA em decifrar linguagens da natureza, como moléculas e genomas. No primeiro semestre de 2025, a Microsoft publicou artigos científicos e lançou colaborações em medicina, energia e física quântica, visando acelerar impactos reais. Eis as cinco áreas em transformação:

1. Saúde: Diagnóstico Rápido e Cuidados Personalizados

A IA analisa dados não estruturados (notas clínicas, imagens) para identificar padrões, melhorando deteção de doenças e tratamentos. O PadChest-GR — conjunto de 4.555 radiografias torácicas com anotações precisas em espanhol e inglês, desenvolvido pela Universidade de Alicante e Microsoft — ajuda radiologistas a interpretar imagens. O Microsoft AI Diagnostic Orchestrator (MAI-DxO) cruza múltiplas fontes de dados para resolver casos complexos com menor custo. Projetos como o GigaPath (análise de lâminas patológicas) e uma iniciativa no Quénia contra desnutrição infantil complementam esta frente.

2. Descoberta Científica: Hipóteses à Inovação em Semanas

A plataforma Microsoft Discovery, baseada em IA agentica (sistemas que raciocinam e planeiam), automatiza formulação de hipóteses e simulações. Num caso, identificou um protótipo de combustível para data centers em uma semana — processo que antes levava meses. O novo modelo de IA para Teoria do Funcional da Densidade (DFT) resolve um desafio de 60 anos na ciência de materiais, simulando elementos para criar baterias e medicamentos. Ferramentas como BioEmu-1 (estruturas proteicas) e MatterGen (criação de materiais) ampliam a inovação.

3. Ambiente: Proteção do Planeta com Precisão

O modelo Aurora da Microsoft, treinado com dados das ciências da Terra, prevê ciclones, qualidade do ar e ondas oceânicas, modelando interações entre atmosfera, solo e oceanos. Na sustentabilidade, destaca-se um cimento de baixo carbono com biomassa de algas (parceria com Universidade de Washington). A aplicação Intelligent Garden (Avanade) monitoriza árvores urbanas via sensores, gerando relatórios de saúde. Na Tanzânia, IA analisa imagens de drones para proteger girafas ameaçadas.

4. Computação Quântica: Simulando o Invisível

A Microsoft combina IA e física quântica para superar limites da computação clássica. A descoberta de códigos geométricos 4D corrige erros em hardware quântico, aumentando estabilidade. Parcerias com a Atom Computing (qubits de átomos neutros) e o chip Majorana 1 (arquitetura quântica alternativa) prometem qubits mais fiáveis. Aplicações incluem modelação de reações químicas e sistemas climáticos.

5. Energia: Eficiência na Produção e Armazenamento

Colaboração com a Nissan gerou um modelo de machine learning que prevê desgaste de baterias de veículos elétricos, facilitando reciclagem e reduzindo emissões. Na fusão nuclear, IA simula processos físicos para acelerar o desenvolvimento de reatores. A Microsoft explora ainda agilização de licenciamento de projetos nucleares nos EUA. Numa inovação crucial, IA analisou 32 milhões de candidatos a materiais, descobrindo uma alternativa que reduz o uso de lítio em baterias em 70%.

PR/HN

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