Moçambique Compromete-se a Vacinar Seis Milhões de Crianças até 2030 para Combater Mortalidade Infantil

25 de Julho 2025

Moçambique anunciou plano para vacinar seis milhões de crianças menores de um ano até 2030, visando reduzir a mortalidade infantil. Ministro Ussene Isse revelou a meta no encerramento do Fórum Global em Maputo, que debateu estratégias para atingir os ODS

O Governo moçambicano estabeleceu como meta vacinar seis milhões de crianças menores de um ano até 2030. O objetivo central é reduzir drasticamente a mortalidade infantil, sobretudo por doenças como malária, diarreia e pneumonia. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Ussene Isse, no encerramento do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil – 2025, realizado em Maputo.

“Renovamos aqui o compromisso de alcançar cerca de seis milhões de crianças menores de um ano vacinadas, numa média anual de 1,2 milhões ao longo dos próximos cinco anos”, declarou Isse. Este esforço massivo visa atingir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de reduzir a mortalidade de menores de cinco anos para menos de 25 por cada mil nados vivos até 2030. O ministro foi enfático: “Devemos agir hoje pela sobrevivência das nossas crianças. Portanto, a promoção da saúde e bem-estar da criança não é uma opção. É, sim, um imperativo para as nossas sociedades.”

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, já tinha manifestado preocupação durante a abertura do fórum, destacando a desaceleração na redução da mortalidade infantil na África Subsaariana. “Preocupa-nos o facto de que África ainda carrega o maior número de mortes de crianças com idade inferior a cinco anos a nível mundial. Particularmente na África Subsaariana, continuamos preocupados com a desaceleração da redução da mortalidade infantil que se regista nos últimos anos”, afirmou Chapo.

As estatísticas em Moçambique ilustram o desafio: atualmente, 60 em cada mil crianças menores de cinco anos morrem anualmente, principalmente devido a malária, diarreias, pneumonia e complicações obstétricas. Eduardo Samo Gudo, diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique, reforçou a urgência: “Não estamos satisfeitos com 60 mortes de crianças por mil nados vivos, o setor da saúde não está satisfeito e várias ações ainda estão a ser implementadas com vista a assegurar que Moçambique alcance a meta 3.2 dos ODS”. A nível global, o INS indicou que as mortes anuais de menores de cinco anos caíram de 12,8 milhões em 1990 para 4,8 milhões em 2023, mas o ritmo de redução abrandou significativamente desde 2015, colocando em risco o cumprimento das metas em cerca de 60 países africanos.

O Fórum, que reuniu mais de 300 delegados de 29 países, incluindo ministros, cientistas, académicos e organizações da sociedade civil, foi organizado pelos Ministérios da Saúde de Moçambique e da Serra Leoa e pelo Governo de Espanha, com colaboração da Fundação ”la Caixa”, da Fundação Bill & Melinda Gates e da UNICEF. O evento focou-se em discutir soluções científicas e exigir novos compromissos políticos para acelerar o combate à mortalidade infantil.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Anabela Oliveira: “Doença de Gaucher pode ter um amplo espetro de apresentações”

Num exclusivo ao HealthNews, a Dra. Anabela Oliveira, especialista em Medicina Interna do Hospital de Santa Maria, esclarece os contornos da doença de Gaucher. Uma patologia rara e hereditária, caracterizada pela deficiência de uma enzima, que provoca a acumulação de gorduras no organismo. Com um amplo espetro de manifestações e um diagnóstico por vezes tardio, a médica detalha os sinais de alerta, o acompanhamento multidisciplinar e os avanços terapêuticos que têm melhorado a qualidade de vida dos doentes

Fundação para a Saúde lança Manifesto contra centralização do acesso à doença aguda através da Linha SNS24

A Fundação para a Saúde divulgou um Manifesto intitulado “Sobre os serviços e cuidados de saúde a que temos direito”, que alerta para a crescente centralização da gestão do acesso aos cuidados de saúde em caso de doença aguda através da Linha SNS24, fenómeno que, segundo o documento, desvirtua o papel tradicional dos centros de saúde e do conceito de proximidade no Serviço Nacional de Saúde (SNS) português. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights