![]()
A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) emitiu um alerta contundente sobre a urgência de implementar rastreios estruturados para o cancro do pulmão, sublinhando que a deteção precoce é decisiva para inverter a mortalidade recorde registada em 2023: 4.490 mortes, o valor mais alto em duas décadas. A declaração surge a propósito do Dia Mundial do Cancro do Pulmão, que se assinala a 1 de agosto.
Daniela Madama e Joana Catarata, integrantes da Comissão de Trabalho de Pneumologia Oncológica da SPP, afirmam que cerca de 70% a 75% dos casos são diagnosticados em fase avançada ou metastática, agravando o prognóstico. “No cancro do pulmão, é essencial detetar cedo e tratar o melhor e mais rápido possível”, sustentam, referindo a “grande evolução” das estratégias terapêuticas.
As pneumologistas identificaram como fatores críticos o tabagismo, a exposição a poluentes ambientais e ocupacionais, o envelhecimento populacional e a “falta de um programa de rastreio estruturado”. Para combater a tendência, exigem a “concretização urgente” de rastreios por tomografia computorizada de baixa dose (TCBD) em grupos de alto risco — fumadores ou ex-fumadores (há menos de 15 anos), entre 50 e 75 anos, com história de 20 maços/ano ou mais. Esta medida, sustentam, pode reduzir a mortalidade em até 25%.
A prevenção do tabagismo, “o primeiro passo, logo desde as camadas mais jovens”, foi destacada como prioritária. As especialistas defendem campanhas intensivas, aumento de preços do tabaco, mais zonas livres de fumo e a reativação do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo (PNPCT), com financiamento adequado.
No comunicado, a SPP pediu ainda reformas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para eliminar burocracias, criar “vias rápidas” entre cuidados primários e hospitais, e garantir acesso precoce a medicamentos inovadores. “Protocolos claros de triagem” entre centros de saúde e hospitais são essenciais para agilizar encaminhamentos.
Formação de profissionais de saúde (especialmente nos cuidados primários) para reconhecer sintomas precoces e monitorizar riscos ambientais, além de investimento em reabilitação respiratória, apoio psicológico e cuidados paliativos desde fases iniciais, foram outras medidas propostas.
NR/HN/Lusa



0 Comments