Moçambique reforça vigilância nas fronteiras face a surto de mpox no Niassa

29 de Julho 2025

Autoridades de saúde moçambicanas intensificam medidas de controlo nas fronteiras devido ao surto de mpox na província do Niassa. País regista 17 casos confirmados e 92 suspeitos, mantendo vigilância reforçada especialmente nas zonas limítrofes com Malawi e Tanzânia.

O Ministério da Saúde de Moçambique anunciou um reforço significativo da vigilância sanitária nas suas fronteiras, implementando equipas dedicadas ao rastreio e testagem da mpox. A medida surge na sequência da confirmação de 17 casos positivos e 92 suspeitos da doença no país, com particular incidência na província do Niassa.

O diretor Nacional de Saúde Pública, Quinhas Fernandes, esclareceu que, apesar da situação, não existem restrições à circulação de pessoas e bens. No entanto, reconheceu os desafios inerentes ao controlo fronteiriço, destacando a existência de diversos pontos de passagem informais que dificultam a monitorização efetiva.

O foco do atual surto localiza-se no distrito de Lago, província do Niassa, região que faz fronteira com o Malawi e a Tanzânia. Os 17 casos confirmados encontram-se em situação estável, sob vigilância médica em isolamento domiciliário, com um período de acompanhamento previsto de 21 dias.

A distribuição geográfica dos 92 casos suspeitos apresenta maior concentração no Niassa, com 57 casos, seguindo-se Tete com oito, Maputo (cidade e província) com 14, Manica com quatro, Zambézia e Cabo Delgado com três cada, Nampula com dois e Sofala com um caso.

Relativamente à vacinação, as autoridades moçambicanas mantêm-se vigilantes, preparando um eventual pedido de vacinas, condicionado à evolução da situação epidemiológica e à disponibilidade global. Fernandes sublinhou que a vacinação em massa não é a abordagem recomendada para este cenário, especialmente considerando a escassez de vacinas a nível mundial.

O país dispõe atualmente de uma capacidade de testagem significativa, com 4.000 testes disponíveis e mil reagentes para identificação de estirpes em casos positivos, representando uma evolução notável desde o primeiro caso registado em outubro de 2022, em Maputo.

Este surto enquadra-se num contexto mais amplo que afeta a África austral, onde desde o início do ano foram notificados 77.458 casos e 501 óbitos em 22 países, conforme dados recentes. A União Africana já manifestou preocupação quanto à escassez de vacinas no continente, apesar da tendência decrescente no número de casos e mortes.

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