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O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus (na imagem), afirmou em Acra que a responsabilidade primária do financiamento dos sistemas de saúde em África deve recair sobre os governos nacionais, através dos seus orçamentos de Estado.
As declarações foram proferidas na sessão de abertura da Cimeira Africana sobre Soberania Alimentar, que decorre na capital do Gana, num momento particularmente sensível para o continente africano, que enfrenta uma redução significativa da ajuda internacional por parte dos Estados Unidos e países europeus, bem como múltiplas emergências sanitárias, incluindo surtos de Monkeypox e cólera.
Tedros Adhanom sublinhou que, embora o capital privado e filantrópico desempenhem um papel importante, estes devem funcionar apenas como complemento ao financiamento público e não como substituto. O responsável alertou ainda para a ineficiência na utilização dos fundos disponíveis, revelando que cerca de 13% dos orçamentos de saúde dos países de baixo e médio rendimento não são aproveitados devido a fragilidades nos sistemas financeiros públicos.
A cimeira conta com a presença de figuras proeminentes do panorama político africano, incluindo os antigos Presidentes Olusegun Obasanjo da Nigéria e Ellen Johnson Sirleaf da Libéria, assim como o atual Presidente do Gana, John Dramani Mahama, que enfatizou a importância da saúde como motor do crescimento económico inclusivo.
Durante o encontro, será aprovada a Iniciativa de Acra, um documento que estabelecerá princípios comuns e um roteiro para a reforma da governação sanitária no continente. Esta iniciativa integra-se num esforço mais amplo, liderado pelo Presidente do Ruanda, Paul Kagame, e pela União Africana, para melhorar o financiamento e a coordenação continental na área da saúde.
A OMS está a trabalhar em conjunto com os governos africanos em várias soluções, que incluem o desenvolvimento de pacotes de serviços de saúde essenciais, a implementação de políticas fiscais sobre produtos nocivos à saúde, e o investimento na produção local de medicamentos. Tedros Adhanom concluiu afirmando que “África não precisa de caridade, África precisa de condições justas”.
NR/HN/Lusa



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