Estudo diz que IA reduz eficiência de médicos na deteção de cancro do cólon

13 de Agosto 2025

Um estudo realizado na Polónia, hoje publicado, indica que a introdução da inteligência artificial (IA) parece estar a tornar os médicos menos eficientes na deteção de cancros do cólon.

O uso regular de IA parece ter “efeitos prejudiciais nas capacidades dos especialistas”, de acordo com o estudo publicado na Lancet Gastroenterology & Hepatology, um dos primeiros a sugerir uma perda de competências médicas.

O propósito da análise é perceber que efeitos as ferramentas baseadas em IA, cada vez mais utilizadas no mundo, podem ter na medicina.

Os autores estudaram dados de vários centros polacos especializados em endoscopia e colonoscopia, exames que podem detetar sinais de cancro digestivo, particularmente do cólon.

Os dados foram recolhidos em 2021 e 2022 e durante este período, os centros expandiram a utilização de software de IA, concebido para ajudar os médicos a detetar melhor este tipo de tumor.

Os investigadores não examinaram as conclusões dos testes realizados com IA, mas analisaram os resultados dos exames feitos pelos mesmos especialistas sem ajuda da IA.

Antes da introdução da tecnologia, 28,4% destes exames resultavam na deteção de um adenoma, um tumor benigno que pode potencialmente transformar-se em cancro e com a expansão da IA, a taxa de deteção desceu para 22,4%.

Segundo os autores, o uso da IA prejudicou a capacidade dos especialistas para identificar os tumores em causa.

O estudo não é definitivo e é possível que, no mesmo período, outros fatores além da IA possam ter influenciado a taxa de tumores detetados.

“Ainda assim, os especialistas estariam errados ao ignorar os resultados deste estudo”, alertou o especialista na deteção precoce e no tratamento de condições pré-cancerosas no trato gastrointestinal superior e inferior, Omer Ahmad, que não participou no trabalho.

Para o especialista, o estudo é um primeiro alerta sobre os perigos da IA por causa do lento desgaste “das competências fundamentais” apesar de ainda “precisar de confirmação”.

“Estes resultados atenuam o entusiasmo atual pela rápida adoção de tecnologias baseadas em IA”, concluiu o especialista, salientando que se trata do primeiro estudo em condições reais que aponta para uma perda de competências médicas.

lusa/HN

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