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O Fraunhofer Institute for Interfacial Engineering and Biotechnology (IGB) desenvolveu um método inovador para aproveitar proteínas de colza, tradicionalmente subutilizadas devido às limitações dos processos convencionais. A técnica, designada EthaNa® (Ethanolic Native Extraction), opera em condições suaves (até 70°C e pressão ambiente), utilizando etanol como solvente sustentável. Esta abordagem preserva a estrutura proteica, contornando a desnaturação típica da prensagem a quente.

Concentrado de colza rico em proteína após remoção de óleo na prensa de filtros. Copyright: Fraunhofer CBP
A planta-piloto, operacional há dois anos no Fraunhofer Center for Chemical-Biotechnological Processes (CBP) em Leuna, inclui um sistema de desidratação que separa as cascas amargas dos grãos ricos em óleo e proteína. “A baixa solubilidade do óleo de colza em etanol permite extraí-lo diretamente, dispensando refinação adicional”, explica o Dr. Robert Hartmann, líder do Grupo de Fracionamento de Biomassa do Fraunhofer CBP. O processo gera quatro frações: óleo pré-refinado, concentrado proteico (>50% proteína), cascas para materiais isolantes e extrato etanólico com compostos valorizáveis (ex.: glucosinolatos para fitofármacos).
No projeto europeu Like-A-Pro, o concentrado proteico demonstrou aplicações alimentares promissoras. Testado como ingrediente para massa fresca e hambúrgueres veganos, formou emulsões estáveis e ofereceu textura consistente. “As burgers destacaram-se pela mordedura agradável e sensação bucal equilibrada”, afirma Hartmann. Analises confirmaram perfil de aminoácidos essenciais superior ao da soja.
Paralelamente, o projeto “NAPF – nova ração proteica de colza”, financiado pelo Ministério Federal Alemão da Alimentação e Agricultura, validou o concentrado como ração animal. Ensaios na Universidade de Hohenheim revelaram que frangos alimentados com a ração atingiram 1000g em 21 dias (início: 43g). A digestibilidade proteica superou a da farinha de colza convencional, melhorando ainda com adição de fitase – enzima que liberta fosfatos e otimiza absorção proteica.
Este aproveitamento integral da colza reduz a dependência de soja importada – associada ao desflorestamento – e fomenta sistemas alimentares regionais. O Fraunhofer IGB enfatiza o potencial do EthaNa® para impulsionar a transição proteica sustentável, com aplicações desde nutrição humana até cosmética.
Referências: https://www.cbp.fraunhofer.de/en/press-media/2025/rapeseed-protein-for-vegan-burger-patties-and-nutritious-chicken-feed.html
NR/HN/AlphaGalileo



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