PAM apoiou mais 250 mil afetados pela seca em Moçambique desde novembro

22 de Agosto 2025

Mais de 250 mil pessoas afetadas pela seca, causada pelo fenómeno climático `El Niño´, receberam assistência alimentar e financeira, entre novembro e julho, no sul e centro de Moçambique, estimou hoje o Programa Alimentar Mundial (PAM). 

“A assistência alimentar e financeira às populações afetadas pela seca no centro e sul de Moçambique começou em novembro de 2024 e foi finalizada em julho, tendo sido alcançadas mais de 250.000 pessoas nos distritos mais severamente afetados”, lê-se no último relatório operacional daquela agência da Nações Unidas, consultado hoje pela Lusa.

De acordo com o PAM, mais de três milhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar durante a última época de escassez nos distritos afetados por uma seca “intensa e severa” no país, com 1,1 milhões a necessitar “urgentemente” de assistência.

“O PAM apoiou o Governo na finalização da implementação da ação de antecipação da seca para a ativação da época 2024/2025, auxiliando 180 mil pessoas com transferências em dinheiro através do programa de proteção social e apoiando o Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD)  na assistência a um milhão de pessoas com atividades de criação de ativos”, refere-se no documento.

A agência das Nações Unidas avança ainda que, na província de Sofala, centro de Moçambique, ajudou mais de 8.700 alunos durante o segundo ciclo de distribuição de “alimentos para levar para casa”, no âmbito do Programa de Alimentação Escolar em Emergência e Recuperação.

“A resposta nutricional continuará nos próximos meses, com mais de 15 mil crianças, mulheres grávidas e lactantes e raparigas alcançadas”, acrescenta-se no documento.

A União Africana aprovou um apoio de 1,8 milhões de dólares (1,5 milhões de euros) para mitigar os efeitos do ‘El Niño’ junto de 18 mil moçambicanos, após avaliação feita pela agência especializada ARC, conforme informação do Governo.

De acordo com um documento detalhando a execução orçamental de Moçambique no primeiro semestre, enviado na sexta-feira à Lusa, o apoio resulta da análise feita pela Capacidade Africana de Risco (ARC, na sigla em inglês), agência da União Africana, que apurou o valor, através de uma apólice de seguro paramétrico contra a seca para a época chuvosa 2024/25.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre anualmente entre outubro e abril.

Só entre dezembro e março últimos, na última época ciclónica, Moçambique foi atingido por três ciclones, incluindo o Chido, o primeiro e mais grave, no final de 2024.

O número de ciclones que atingem o país “vem aumentando na última década”, bem como a intensidade dos ventos, alerta-se no relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia de Moçambique(Inam), divulgado em março.

Os eventos extremos provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

lusa/HN

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