Nanogotas aceleram descoberta de fármacos e reduzem custos em laboratório

23 de Agosto 2025

Investigadores da Universidade Hebraica de Jerusalém descobriram que um vírus alojado no fungo Aspergillus fumigatus aumenta significativamente a sua capacidade de sobrevivência e virulência em mamíferos, abrindo caminho para novos tratamentos contra infeções pulmonares graves

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Uma equipa internacional de investigadores identificou um mecanismo até agora desconhecido que potencia a letalidade de uma das infeções fúngicas mais perigosas em humanos. A descoberta, liderada por cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém, revela que um vírus que habita no interior do fungo Aspergillus fumigatus aumenta significativamente a sua capacidade de causar infeções graves.

A investigação, conduzida por Marina Campos Rocha, Vanda Lerer e John Adeoye, sob orientação de Neta Shlezinger da Escola Koret de Medicina Veterinária, demonstrou que este vírus de RNA de cadeia dupla funciona como um potenciador do patógeno, tornando-o mais resistente e perigoso para a saúde humana.

O Aspergillus fumigatus, responsável pela maioria das infeções fúngicas invasivas em humanos, é particularmente letal em pessoas imunocomprometidas, com taxas de mortalidade que atingem os 50%. A equipa descobriu que a presença do vírus aumenta significativamente a capacidade do fungo de sobreviver em condições adversas, incluindo o ambiente oxidativo e as elevadas temperaturas dos pulmões dos mamíferos.

Em testes laboratoriais, os investigadores removeram o vírus de algumas estirpes do fungo e compararam o seu comportamento com as estirpes infetadas. Os resultados foram significativos: os fungos sem vírus apresentaram uma capacidade reprodutiva reduzida, defesas mais fracas, incluindo menor produção de melanina, e tornaram-se consideravelmente menos perigosos quando introduzidos em pulmões de mamíferos.

A descoberta mais promissora surgiu quando os investigadores aplicaram tratamentos antivirais durante a infeção, observando uma melhoria significativa nas taxas de sobrevivência do modelo mamífero. Esta constatação abre novas possibilidades terapêuticas, focadas não apenas no combate ao fungo, mas também no vírus que potencia a sua virulência.

Em colaboração com investigadores do Instituto de Microbiologia da Universidade Friedrich Schiller, a equipa demonstrou que estes “micovírus” desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e progressão de doenças fúngicas em humanos, um aspeto até agora negligenciado na micologia médica.

Esta descoberta representa uma mudança de paradigma no tratamento de infeções fúngicas, sugerindo que o enfraquecimento do patógeno através do combate ao vírus pode permitir que o sistema imunitário, ou os medicamentos antifúngicos existentes, combatam a infeção de forma mais eficaz.

Referência: The research paper titled “Aspergillus fumigatus dsRNA virus promotes fungal fitness and pathogenicity in the mammalian host” is now available in Nature Microbiology and can be accessed at https://www.nature.com/articles/s41564-025-02096-3.

NR/HN/AlphaGalileo

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