Algarve enfrenta défice crítico de 1.500 enfermeiros, alerta sindicato

25 de Agosto 2025

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses lançou uma campanha regional para denunciar a grave carência de profissionais nas unidades de saúde do Algarve. A iniciativa "A nossa vida não tem horas extraordinárias" percorre vários centros de saúde até sexta-feira

A carência crítica de enfermeiros no Algarve atingiu números alarmantes, com um défice estimado de 1.500 profissionais nas unidades de saúde pública da região. Esta realidade motivou o lançamento de uma campanha de sensibilização pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), iniciada hoje no Hospital de Faro.

A dirigente nacional do SEP, Guadalupe Simões, revelou dados preocupantes sobre a situação no Hospital de Faro, onde se verifica uma carência de 70 enfermeiros na unidade de cuidados intensivos e 39 nas urgências. No Hospital de Portimão, o cenário repete-se com a falta de 20 enfermeiros nas urgências e 10 no serviço de ortopedia.

A campanha, que decorrerá até sexta-feira, percorrerá diversos centros de saúde da região, incluindo Vila Real de Santo António, Tavira, Albufeira, Loulé, Lagos, Vila do Bispo e Aljezur, culminando em Portimão com uma exposição dos dados recolhidos.

Guadalupe Simões manifestou preocupação com a atual postura do Ministério da Saúde, que aparenta focar-se exclusivamente na discussão de um acordo coletivo sobre a organização do tempo de trabalho, quando a legislação existente já não é cumprida devido à falta de profissionais.

O sindicato destaca ainda o incumprimento generalizado do Regulamento de Dotações Seguras da Ordem dos Enfermeiros, que estabelece o número adequado de enfermeiros por serviço. A situação é agravada pela acumulação de milhares de folgas de feriado por gozar e horas extraordinárias não compensadas.

Face ao agravamento contínuo da situação, com a saída regular de profissionais que não são substituídos, o SEP não descarta a possibilidade de recorrer a formas de luta mais assertivas caso não se verifiquem melhorias nas condições laborais dos enfermeiros algarvios.

NR/HN/Lusa

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