UNICEF regista 13.000 casos de desnutrição infantil em Gaza em julho e alerta para fome iminente

25 de Agosto 2025

A UNICEF identificou quase 13.000 casos de desnutrição infantil em Gaza em julho, face a cerca de 2.000 em fevereiro, um aumento abrupto em cinco meses. A agência alerta para fome iminente em zonas como Khan Yunis e insiste na abertura de todas as passagens para entrada de ajuda humanitária

Os casos de subnutrição entre crianças na Faixa de Gaza mais do que quintuplicaram entre fevereiro e julho, subindo de aproximadamente 2.000 para perto de 13.000, segundo a UNICEF. Em declarações à Lusa, a porta-voz regional da agência das Nações Unidas para a infância, Tess Ingram, descreveu “um aumento muito grande num curto espaço de tempo” e alertou que, em áreas como Khan Yunis, a fome poderá instalar-se nas próximas semanas se nada mudar.

Interpelada sobre a posição do Governo israelita — que nega a existência de fome em Gaza — Ingram contrapôs que a verificação independente seria possível com a entrada de jornalistas estrangeiros, proibida desde o início da ofensiva israelita no enclave, em 7 de outubro de 2023, por decisão do executivo de Benjamin Netanyahu.

A responsável relatou ter encontrado crianças de dois anos que deixaram de andar, casos de perda de visão associada a má nutrição, queda de cabelo e sinais de extrema fraqueza. Nos centros de apoio que visitou, descreveu pais a procurar assistência urgente para menores desnutridos. Numa clínica da UNICEF na cidade de Gaza, afirmou ter observado que quase todas as crianças avaliadas apresentavam desnutrição aguda, com exceção de uma que já estava em tratamento e mostrava melhorias.

Questionada sobre medidas imediatas, Ingram defendeu a abertura de todos os pontos de passagem para permitir a entrada de ajuda através da ONU e de parceiros humanitários, recordando que durante o cessar-fogo foi possível fazer entrar cerca de 600 camiões por dia. Sublinhou que o problema central é o acesso, e não a inexistência de alimentos.

A ONU declarou a fome na província de Gaza na passada sexta-feira — a primeira vez no Médio Oriente —, prevendo a sua expansão a Deir el-Balah e Khan Yunis até ao final de setembro. Segundo as Nações Unidas, mais de meio milhão de pessoas enfrentam fome em Gaza e zonas adjacentes. Israel rejeitou a avaliação, acusando a organização de reproduzir uma narrativa do Hamas, que controla o território desde 2007.

A guerra, desencadeada pelos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, provocou pelo menos 62.744 mortos e 157.259 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, sob controlo do Hamas.

NR/HN/Lusa

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