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O duplo ataque israelita ao Hospital Nasser, em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza, provocou a morte de 20 pessoas e gerou uma onda de indignação internacional. A comissária europeia para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Hadja Lahbib, manifestou-se através da rede social X, exigindo o fim dos ataques contra profissionais que trabalham no terreno.
Entre as vítimas mortais encontrava-se Mariam Abu Daqqa, jornalista que havia participado num vídeo da delegação europeia nos territórios palestinianos ocupados, por ocasião do Dia da Liberdade de Imprensa em 2024. Os cinco profissionais da comunicação social, que trabalhavam para meios internacionais, foram atingidos na área onde habitualmente realizavam transmissões em direto.
O ataque desenrolou-se em duas fases: um primeiro bombardeamento ao hospital e, quando jornalistas e socorristas chegaram ao local, um segundo ataque. Entre as vítimas estava também Imad Abdul Hakim al-Shaer, bombeiro da Defesa Civil.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, classificou o incidente como “um trágico acidente” e anunciou a abertura de uma “investigação exaustiva” pelas forças armadas. Numa nota do seu gabinete, Netanyahu reafirmou que “Israel valoriza o trabalho dos jornalistas, dos profissionais de saúde e de todos os civis”.
Posteriormente, foi confirmada a morte de um sexto jornalista em al-Mawasi, também no sul de Gaza, atingido por disparos do Exército israelita, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas.
O porta-voz militar israelita, Effie Defrin, manteve a acusação de que o Hamas se esconde entre civis, embora não tenha confirmado se existiam indicações da presença de combatentes palestinianos durante os ataques ao hospital.
O Hamas, por sua vez, denunciou estes ataques como demonstração do “desprezo” de Netanyahu e do seu “governo terrorista” pelo Direito internacional, acusando Israel de tentar intimidar os jornalistas para impedir a divulgação da “limpeza étnica” e da crise humanitária em Gaza.
Este incidente ocorre num momento em que Israel avança com planos de ocupação da Cidade de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de habitantes para o sul do território, mantendo o objetivo de erradicar o Hamas e recuperar os reféns em poder das milícias palestinianas.
O atual conflito teve início após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e 250 reféns. A resposta militar israelita já provocou mais de 62 mil mortos, maioritariamente civis, destruiu grande parte das infraestruturas do território e forçou a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
NR/HN/Lusa



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