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A unidade de saúde de Nanhupo-Rio, no distrito de Mogovolas, província de Nampula, retomou esta semana o atendimento ao público, depois de ter permanecido encerrada desde dezembro devido à vandalização registada durante tumultos associados ao surto de cólera e a um contexto de manifestações pós-eleitorais.
A diretora provincial de Saúde de Nampula, Selma Xavier, confirmou a reabertura e a normalização dos serviços. Segundo disse, “a unidade sanitária já foi aberta, todas as atividades já estão a acontecer, os funcionários encontram-se lá e neste momento não houve nenhum tumulto por parte da comunidade. Estamos a trabalhar em harmonia”, em declarações à Lusa.
No pico da crise, pelo menos quatro centros de saúde foram forçados a encerrar no distrito de Mogovolas, após destruição de equipamentos e infraestruturas, numa onda alimentada por desinformação sobre a propagação da cólera. Para evitar novos incidentes, as autoridades intensificaram ações de sensibilização junto das comunidades, envolvendo líderes locais e associações de base, com apelos à procura de informação credível e à cooperação com as equipas de saúde.
Selma Xavier adiantou que estão no terreno brigadas móveis e que a nova administradora distrital mantém encontros de auscultação com a população “para ver se não acontece novos atos de vandalismo”. A unidade de Nanhupo-Rio, que serve uma população estimada entre 50 e 60 mil habitantes, é a segunda com maior volume de atendimentos em Mogovolas.
Em paralelo, decorrem esforços para reabilitar áreas críticas danificadas em dezembro. Em maio, as autoridades provinciais confirmaram negociações com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) para a reconstrução do bloco operatório vandalizado no distrito. Na altura, o diretor dos Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Ação Social de Mogovolas, Alimo Chea, explicou que a MSF manifestou disponibilidade para apoiar a reabilitação, estando já em curso a reposição do sistema de gerador incendiado por populares, embora sem previsão para o regresso das equipas da organização ao terreno.
O surto de cólera afetou cinco províncias do centro e norte de Moçambique. De acordo com o boletim da Direção Nacional de Saúde Pública, do Ministério da Saúde, com dados até 20 de julho, registaram-se 4.420 casos e 64 mortes desde 17 de outubro, dos quais 3.590 infeções e 40 óbitos na província de Nampula.
Para travar a transmissão, as autoridades realizaram em maio uma campanha de vacinação oral contra a cólera na província. Segundo o responsável de saúde pública no Serviço Provincial de Saúde de Nampula, Geraldino Avalinho, a meta inicial abrangia 1.758.335 pessoas com idade igual ou superior a um ano em quatro distritos. Entre 17 e 21 de maio, foram vacinadas 1.744.737 pessoas, correspondendo a 99% da meta.
NR/HN/Lusa



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