Moçambique recolhe 63 mil unidades de sangue mas mantém défice de 30% nas necessidades nacionais

29 de Agosto 2025

As autoridades de saúde moçambicanas registaram um aumento de 6,8% nas doações de sangue no primeiro semestre de 2025, mas os números ainda ficam aquém das necessidades. O país enfrenta uma lacuna de 30% nas reservas de sangue, com tempos de espera que podem chegar às 72 horas

O Ministério da Saúde (Misau) de Moçambique apela ao reforço urgente das campanhas de doação de sangue, não obstante o crescimento registado nas colheitas durante o primeiro semestre de 2025. De acordo com os dados apresentados durante as comemorações do Dia Nacional do Dador de Sangue, em Maputo, foram recolhidas 63 mil unidades de sangue, um aumento de 6,8% face ao mesmo período de 2024.

Ivan Manhiça, secretário permanente do Misau, destacou a necessidade de expandir a rede de recolha e melhorar as infraestruturas existentes, sublinhando que a doação de sangue deve tornar-se um hábito frequente e voluntário entre os cidadãos moçambicanos. O país conta atualmente com 174 unidades de saúde equipadas com bancos de sangue, mas ainda enfrenta dificuldades para garantir a autossuficiência em sangue seguro.

As estatísticas revelam que as doações atuais apenas cobrem cerca de 70% das necessidades nacionais. Sara Salimo, diretora-geral do Serviço Nacional de Sangue, referiu que, apesar do aumento nas colheitas – que em 2024 totalizaram 144 mil unidades – os números continuam insuficientes face ao crescimento populacional e ao aumento das doenças.

Um dos principais desafios identificados prende-se com a dependência de doações por parte de familiares dos doentes, em vez de um sistema baseado em doações voluntárias regulares. Esta situação resulta em tempos de espera que podem atingir as 72 horas, especialmente quando são necessários grupos sanguíneos específicos.

O secretário permanente do Misau enfatizou a importância vital das doações para diversos grupos de pacientes, incluindo vítimas de acidentes, parturientes, crianças com anemia e doentes crónicos. “Queremos assegurar que o sangue esteja sempre à espera do doente e não do doente à espera do sangue”, afirmou Manhiça durante a cerimónia, que decorreu sob o lema “Doa Sangue, Doa Esperança, Juntos Salvamos Vidas”.

NR/HN/Lusa

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