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Num raro comentário sobre assuntos internos de um estado-membro, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, saiu publicamente em defesa dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A agência norte-americana tem sido alvo de uma profunda reformulação pela nova administração Trump, que culminou na demissão da sua diretora, Susan Monarez, após menos de um mês no cargo.
Num comunicado emitido a partir de Genebra, Tedros afirmou que “o trabalho dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos tem sido inestimável e deve ser protegido”. Apesar de reconhecer que “nenhuma instituição é perfeita”, o líder da OMS argumentou que “são necessárias melhorias contínuas para garantir que as mais recentes descobertas científicas são aplicadas em tempo real aos desafios emergentes”, numa aparente crítica velada às mudanças em curso.
Estas mudanças foram implementadas pelo secretário da Saúde norte-americano, Robert Kennedy Jr., nomeado pelo Presidente Donald Trump. Em apenas alguns meses, Kennedy Jr. demitiu especialistas de renome, restringiu o acesso a vacinas contra a covid-19 e cortou financiamento para o desenvolvimento de novos imunizantes.
A ex-diretora dos CDC, Susan Monarez, foi uma das suas vítimas mais destacadas. Através dos seus advogados, Monarez alegou que foi forçada a sair por se ter recusado a seguir “orientações não científicas e perigosas” emanadas pelo secretário da Saúde.
A defesa da OMS surge num contexto de crescente alarmismo. Na passada segunda-feira, nove antigos altos funcionários dos CDC emitiram um aviso público, afirmando que Kennedy Jr. estava “a colocar em perigo a saúde de todos os americanos”. Tedros realçou ainda a “parceria estreita e duradoura” entre a OMS e os CDC, uma relação que se tornou mais complexa desde que Trump assinou, em janeiro, um decreto para retirar os EUA – historicamente o maior doador – da organização mundial de saúde. O processo de saída do organismo das Nações Unidas demora um ano a formalizar-se.
NR/HN/Lusa



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