Especialistas alertam para fenómeno de “burnout de lazer” durante o verão

9 de Setembro 2025

O verão, tradicionalmente associado a descanso e felicidade, pode gerar stress e ansiedade devido à pressão de preencher cada momento com atividades. Especialistas alertam para o "burnout de lazer" e aconselham a gerir expectativas e priorizar o bem-estar

A pressão para aproveitar ao máximo as férias de verão está a transformar o descanso numa fonte de ansiedade para muitas pessoas. Este fenómeno, designado por “burnout de lazer”, caracteriza-se por um esgotamento emocional resultante da procura constante por experiências de verão perfeitas, que substitui a verdadeira função reparadora das férias.

De acordo com Jorge Buenavida, psicólogo do Serviço de Promoção da Saúde da Sanitas, empresa ibérica de serviços de saúde que pertence à seguradora Bupa Portugal, é fundamental repensar a abordagem ao período de descanso. “Recomendamos pensar no verão como um período para recarregar energias, entrar em contacto com os nossos desejos, passatempos, espaços de tranquilidade, etc. É verdade que muitas vezes estes momentos se prestam a uma lista interminável de planos, viagens, compromissos sociais e atividades que acabam por gerar mais pressão do que prazer”, afirma o especialista.

Buenavida sublinha que o desejo de aproveitar cada minuto pode tornar-se uma fonte de stress, prejudicando o bem-estar emocional. “Por isso, é fundamental aprender a gerir as expectativas e organizar a nossa agenda e os planos com base naquilo que realmente nos apetece, e não na autoexigência ou na produtividade do lazer”.

O psicólogo alerta ainda para o papel das redes sociais na intensificação desta pressão, referindo que “a exposição contínua a imagens de viagens idílicas e agendas cheias de planos desperta a sensação de estar a perder oportunidades, o que leva a comparações constantes e a uma necessidade de planear excessivamente o tempo livre”.

Para prevenir e gerir este esgotamento, a Bupa propõe um conjunto de estratégias. É essencial redefinir o conceito de descanso, percebendo que aproveitar as férias não significa necessariamente encher a agenda de atividades. Reservar tempo para pausas e momentos de tranquilidade ajuda a repor a energia mental e física.

Promover a desconexão digital é outra recomendação crucial. Limitar a exposição às redes sociais durante as férias pode diminuir significativamente a pressão de comparação com a vida dos outros, facilitando a concentração no presente e nas experiências pessoais.

É igualmente importante ouir as próprias necessidades e organizar as férias com base nos desejos reais, para além das expectativas sociais ou familiares. Refletir sobre quais as atividades que proporcionam verdadeiro prazer contribui para evitar a sensação de obrigação. Aprender a dizer “não” e recusar compromissos que não são apelativos é fundamental para proteger o equilíbrio emocional e estabelecer limites claros.

Por fim, integrar técnicas de relaxamento, como ioga, meditação ou simples passeios na natureza, pode promover um estado de calma e diminuir os níveis de stress, funcionando como um antídoto para a ansiedade derivada de uma agenda de lazer exigente.

“Durante o verão, muitas pessoas sentem que devem ser produtivas mesmo no seu tempo livre, como se descansar fosse uma dualidade entre a obrigação ou o fracasso. Detetar estas dinâmicas, compreender que a produtividade é muito mais do que ‘aproveitar’ o tempo ou avaliar-nos com base em critérios considerados ‘adequados’ ou não, é um dos primeiros passos para quebrar a meritocracia e viver férias verdadeiramente reparadoras e baseadas no desejo”, conclui Jorge Buenavida.

A Bupa, fundada em 1947, é uma empresa internacional de assistência à saúde que tem como propósito ajudar as pessoas a viver vidas mais longas, saudáveis e felizes. Atende mais de 60 milhões de clientes em todo o mundo e reinveste os seus lucros para oferecer mais e melhor assistência à saúde.

PR/HN

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