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O Prémio António Champalimaud de Visão foi atribuído este ano à Fundação Fred Hollows, à Fundação Lions Clubs Internacional e à Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (AIPC), da qual a própria Fundação Champalimaud é membro. As três instituições foram galardoadas pelo seu “notável, prolongado e impactante compromisso” na prevenção e tratamento da cegueira evitável em todo o mundo, anunciou a fundação portuguesa.
No comunicado que justifica a decisão, a Fundação Champalimaud salienta que as entidades premiadas se destacam pela sua “atuação complementar e abrangente, que ao longo de décadas tem promovido a saúde ocular e reduzido o peso da deficiência visual, especialmente nas regiões mais desfavorecidas do planeta”.
A Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira, uma aliança de cerca de 300 organizações em mais de cem países fundada em 1975, tem promovido políticas, parcerias e campanhas em defesa da saúde ocular. Em Portugal, a AIPC tem dois membros: a Fundação Champalimaud e a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria. Entre as suas iniciativas mais relevantes, a fundação destacou a criação de diretrizes para programas de saúde ocular nas escolas, que já beneficiaram 700 milhões de crianças.
O diretor-executivo da AIPC, Peter Holland, alertou para a dimensão do problema, referindo que “pelo menos mil milhões de pessoas vivem no mundo com falta de visão simplesmente porque não têm acesso a cuidados oftalmológicos”. Holland sublinhou que as consequências vão além da saúde, afetando o emprego, o desempenho escolar e a saúde mental. Adiantou ainda que o peso global da saúde ocular deficiente custa à economia mundial 411 mil milhões de dólares anuais e que, sem ações concretas, o número de pessoas afetadas poderá ascender a 1,8 mil milhões em 2050. “A grande maioria dos casos de perda de visão é evitável”, afirmou.
O programa “SightFirst” da Fundação Lions Clubs Internacional, lançado em 1990, permitiu que mais de 544 milhões de pessoas tivessem acesso a cuidados de oftalmologia, realizou mais de nove milhões de cirurgias às cataratas e formou mais de 2,6 milhões de profissionais de saúde ocular. Fabrício Oliveira, presidente do Conselho de Curadores da fundação, citou o trabalho no Brasil, onde parcerias com o Lions Club local e o Governo contribuíram para “a redução da cegueira evitável e para a melhoria da sustentabilidade da rede de saúde ocular”.
Já a Fundação Fred Hollows, criada em 1992 pelo oftalmologista australiano Fred Hollows, tem focado esforços em fornecer cuidados de visão a comunidades marginalizadas em mais de 25 países. Só em 2024, a instituição rastreou 8,1 milhões de pessoas, distribuiu mais de 178 mil pares de óculos e formou mais de 66 mil profissionais de saúde. A presidente do Conselho de Curadores da Fred Hollows no Reino Unido, Nicola Watkinson, afirmou que o trabalho da fundação “não só restaura a visão, mas também transforma vidas”, permitindo que as pessoas recuperem a independência e melhorem os seus meios de subsistência, quebrando o ciclo da pobreza.
O Prémio António Champalimaud de Visão, atribuído anualmente, distingue em anos ímpares o trabalho de instituições no combate à cegueira e, em anos pares, a investigação científica na área da visão.
NR/HN/Lusa



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