Ordem dos Psicólogos defende que prevenção do suicídio é possível e exige políticas públicas eficazes

10 de Setembro 2025

No Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, a Ordem dos Psicólogos Portugueses reforça que o suicídio é uma das principais causas de morte evitável e apresenta um conjunto de medidas estratégicas para o combater, sublinhando a importância do investimento em psicólogos e políticas sociais.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) assinala o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, a 10 de setembro de 2025, destacando que o suicídio se mantém como uma das principais causas de morte evitável em Portugal e no mundo. A organização enfatiza que, apesar da complexidade do fenómeno, a evidência científica confirma que a sua prevenção é possível, mas exige uma ação concertada e a implementação de políticas públicas robustas e eficazes.

Para marcar a data, a OPP divulga um Policy Brief com recomendações estratégicas dirigidas aos decisores políticos e uma Fact Sheet informativa dirigida à população geral. Nos documentos, a Ordem recorda que, em Portugal, se registam cerca de três suicídios por dia, um número que reflete uma realidade preocupante e que urge combater.

Entre as principais recomendações da OPP está o cumprimento do rácio de um psicólogo para cada cinco mil utentes no Serviço Nacional de Saúde. Esta medida é considerada fundamental para permitir a implementação de um futuro Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, a criação de programas universais de prevenção da depressão – um forte preditor de comportamentos suicidários – e a capacitação das equipas de saúde para a identificação precoce de sinais de risco. A Ordem sublinha que investir em intervenções psicológicas baseadas na evidência é custo-eficaz, referindo que programas implementados em jovens entre os 10 e os 19 anos podem gerar um retorno estimado de 24 euros por cada euro investido, ao longo de 80 anos.

A OPP recomenda ainda a aceleração da construção de políticas públicas que mitiguem os fatores de risco associados ao suicídio. Políticas que reduzam vulnerabilidades socioeconómicas, como medidas de proteção de rendimento, acesso digno à habitação, emprego e apoio psicossocial comunitário, têm um impacto significativo na redução do risco. É também crucial assegurar uma regulação eficaz do acesso a meios letais, como armas de fogo ou locais de elevado risco, através da implementação de barreiras físicas, mensagens dissuasoras e mecanismos de suporte imediato.

A organização destaca o papel decisivo que os media podem desempenhar na prevenção, apelando a uma comunicação responsável e baseada em diretrizes científicas. A intervenção através dos media, seguindo orientações específicas, pode reduzir significativamente o número de mortes, podendo baixar de 139 para entre 2 e 32 mortes em cinco anos.

Reforçar a investigação e os sistemas de informação sobre o suicídio é outra das prioridades apontadas, sendo fundamental um investimento constante na produção de conhecimento e na qualificação dos sistemas de monitorização.

Na Fact Sheet divulgada, a OPP alerta que ter pensamentos ou sentimentos suicidas nem sempre resulta numa tentativa de suicídio, mas nunca deve ser ignorado. A maioria das pessoas que morre por suicídio sofre de problemas de saúde psicológica, como depressão ou perturbação bipolar, mas existem outros fatores de risco, como a existência de um plano concreto, tentativas anteriores ou história familiar. A organização sublinha que a maioria das pessoas não quer necessariamente morrer, mas sim escapar a uma dor profunda que as leva a ver a morte como a única saída.

Os documentos completos, o Policy Brief e a Fact Sheet, estão disponíveis para consulta no site da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

NR/HN/Lusa

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