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O delegado de Saúde de São Vicente, Elísio Silva, alertou para um aumento anormal de mosquitos na ilha, incluindo espécies transmissoras de doenças, na sequência da tempestade de 11 de agosto que causou nove mortos. O problema é causado pelas águas estagnadas, esgotos a céu aberto e pela rutura de tubulações de água resultantes do evento climático extremo.
Em declarações à Lusa, Elísio Silva explicou que um estudo realizado há cerca de quinze dias em parceria com um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou a presença de mosquitos capazes de transmitir doenças como paludismo, dengue, zika e febre chicungunya. Apesar de não haver registo de casos autóctones de paludismo há mais de cinquenta anos, a ilha regista casos importados, tendo sido contabilizados dez no ano passado, maioritariamente de viajantes provenientes da costa ocidental africana.
Para combater a proliferação de insectos, a Delegação de Saúde de São Vicente contratou vinte agentes de luta anti-vetorial e formou mais de quarenta e cinco para apoiar na sensibilização das populações e na eliminação de criadouros. Até ao momento, todos os testes realizados pelas equipas de despiste nas localidades mais afectadas deram negativo para dengue e paludismo, mas as autoridades mantêm-se em alerta.
Os avisos das autoridades de saúde foram reforçados pelo especialista da OMS, Jude Bigoga, que, apesar de reconhecer os esforços do Governo, salientou que a população ainda desconhece todas as medidas de prevenção necessárias. Bigoga tem apoiado na formação de agentes, profissionais de saúde e voluntários.
A presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) também alertou para os riscos sanitários na ilha e pediu mais apoios externos. A nova representante da OMS em Cabo Verde garantiu ajuda de urgência, incluindo o envio de medicamentos, para antecipar possíveis surtos no rescaldo da tempestade.
O receio entre os moradores é palpável, com muitos a manifestarem preocupação face à acumulação de lixo e água parada nas ruas. As cheias de agosto inundaram bairros inteiros, destruíram infraestruturas críticas e deixaram duas pessoas desaparecidas. O Governo cabo-verdiano declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau, aprovando um plano de resposta com linhas de crédito bonificado e verbas a fundo perdido para apoiar famílias e empresas.
NR/HN/Lusa



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