Candidata do BE considera novo Hospital de Sintra pouco mais que urgência básica

13 de Setembro 2025

A candidata do BE à Câmara de Sintra considera necessário o novo hospital de proximidade, construído pelo município, mas o equipamento é “uma oportunidade subaproveitada”, precisando da contratação de profissionais para ser mais do que uma urgência básica.

O Hospital de Sintra “é um equipamento necessário”, mas “é uma oportunidade perdida” e “uma oportunidade subaproveitada”, afirmou Tânia Russo à agência Lusa.

“Sintra tem uma grave carência em termos de médicos de família e de enfermeiros” e “precisa de respostas em saúde para as pessoas, só que a câmara municipal assumiu uma responsabilidade” do “Estado central e não acautelou a questão dos recursos humanos, que não era da sua competência, e aí há uma falha grave da administração central”, explicou.

A também médica pediatra no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) e dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, notou que, devido à falta de profissionais, “existe um equipamento novo, mas que não está a dar a resposta que é necessária, nem a resposta que deveria e poderia dar”.

“Portanto, por isso mesmo, nós consideramos que a administração central deve resolver este problema, deve alocar médicos, enfermeiros, técnicos ao Hospital de Sintra para que ele possa funcionar em pleno e para que possa responder aos problemas dos sintrenses”, defendeu.

A candidata à câmara pelo BE vai mais longe e, perante a transferência da Urgência Básica de Algueirão-Mem Martins para o novo equipamento no Casal da Cavaleira, na mesma freguesia, admitiu que “o Hospital de Sintra, neste momento, é uma urgência básica”, pois “funciona com os recursos que já existiam na urgência básica” e “pouco mais tem”.

“Tem também um serviço de cirurgia e tem realizado cirurgias, tem algumas consultas, nomeadamente de medicina física e reabilitação, entre outras, psiquiatria também, e algumas mais”, no entanto, a “grande maioria, se não mesmo quase todas essas valências, provém do Hospital Fernando Fonseca”, revelou.

A dirigente sindical acrescentou que, “inclusive, os exames de imagiologia”, como “TAC [Tomografia Computorizada], ressonâncias são feitos com recurso ao que já existia” no Fernando Fonseca.

“Para bom entendedor, meia palavra basta, portanto, se esses recursos saem de um sítio deixam de existir nesse sítio, não há propriamente uma maior oferta, há uma deslocação da oferta”, salientou.

A Urgência Básica de Algueirão-Mem Martins foi transferida em julho passado para o novo hospital, por ocasião da inauguração do novo equipamento, após a Câmara de Sintra ter entregado o edifício à Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra em junho de 2024, investindo 63,8 milhões de euros na construção, mas “as contas ainda não estão fechadas”, segundo fonte oficial da autarquia.

A aquisição de equipamentos e mobiliário ascendeu a mais de 17 milhões de euros.

O presidente da ULS Amadora-Sintra, Carlos Sá, disse à Lusa em agosto que a urgência do Hospital de Sintra é assegurada por cinco médicos que transitaram da urgência básica, uma médica do Fernando Fonseca que optou pelo novo hospital e uma “grande parte” por prestadores de serviço.

O administrador realçou a importância do novo hospital para aumentar a resposta à população, mas disse não ser possível de “um dia para o outro” contratar 59 médicos.

“Se temos um hospital em Sintra, aberto, equipado, faz ou não faz mais sentido que seja o médico a deslocar-se lá para que dezenas de cidadãos não tenham que o fazer para Amadora”, questionou.

O Hospital de Sintra conta com serviço de ambulatório, consultas externas e exames, unidade de saúde mental, medicina física de reabilitação, central de colheitas e os meios complementares de diagnóstico e terapêutica, unidade de cirurgia de ambulatório com bloco de cirurgia e recobro.

Dispõe também de urgência básica para cerca 60 mil urgências, metade das realizadas no Amadora-Sintra, de 60 camas de internamento, farmácia, unidade de esterilização e espaço para ensino e formação.

lusa/HN

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