EUA enfrentam pior epidemia de sarampo em 30 anos devido à quebra da vacinação

16 de Setembro 2025

A vacinação recomendada para crianças nos Estados Unidos é evitada ou adiada por um em cada seis pais, que indicam falta de confiança nas vacinas e nas autoridades de saúde, segundo uma sondagem hoje divulgada.

Conduzida pelo The Washington Post e pela organização sem fins lucrativos KFF, a sondagem a mais de 2.500 pais mostra que a grande maioria destes continua a apoiar as atuais exigências de vacinação, apesar de o secretário de Saúde Robert Kennedy Jr., esteja a reformular a política de vacinas, em relação às quais é assumidamente cético.

Os pais que optam por evitar ou adiar as vacinas obrigatórias ou recomendadas para os seus filhos – como o sarampo, o tétano ou a poliomielite – alegam receio dos efeitos secundários e falta de confiança nas autoridades de saúde, de acordo com o estudo.

Revela ainda que os pais que adiaram ou evitaram a vacinação dos seus filhos tendem a ser brancos, conservadores e muito religiosos, e alguns educam os seus filhos em casa.

Nos Estados Unidos, vacinas como o sarampo, a papeira e a rubéola (VASPR), são obrigatórias para as crianças frequentarem a escola, mas em muitos estados os pais podem alegar um motivo diferente de uma contraindicação médica, como a religião, para beneficiarem da isenção.

As taxas de vacinação têm vindo a recuar no país desde a pandemia de Covid-19.

A proporção de crianças em idade pré-escolar vacinadas contra o sarampo desceu a nível nacional de 95% em 2019 para 92,5% em 2024, com variações regionais significativas.

No Idaho, está agora abaixo dos 80%, longe dos 95% recomendados para garantir a imunidade de grupo.

Como resultado deste declínio nas taxas de vacinação, os Estados Unidos vivem em 2025 a sua pior epidemia de sarampo em mais de 30 anos, com três mortes, incluindo duas crianças.

Figura de destaque do movimento antivacinas antes de o Presidente Donald Trump o ter escolhido para supervisionar as agências federais de saúde, Robert Kennedy Jr. tem por diversas vezes estabelecido uma relação entre a vacinação e o aumento de casos de autismo, o que é refutado por alguns dos principais cientistas do país.

As autoridades federais de saúde pretendem adjudicar um contrato ao Instituto Politécnico Rensselaer para investigar se existe uma ligação entre a vacinação e o autismo, segundo um aviso da administração liderada por Donald Trump.

O instituto de Troy, Nova Iorque, vai receber o contrato sem concurso devido à sua “capacidade única” de ligar dados sobre crianças e mães, de acordo com o aviso publicado na semana passada e citado pela agência Associated Press (AP).

Robert F. Kennedy Jr. anunciou em abril um “esforço massivo de testes e investigação” para determinar a causa do autismo.

Um professor de engenharia biotecnológica do Instituto Politécnico Rensselaer (RPI, na sigla em inglês), Juergen Hahn, utilizou técnicas de inteligência artificial (IA) e ‘machine learning’ para procurar padrões em amostras de sangue de crianças com autismo.

Há meses que os funcionários do Departamento de Saúde tentam utilizar os dados de segurança das vacinas compilados pelo Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) para procurar danos que possam estar ligados às vacinas.

Cientistas que passaram décadas a investigar o autismo não encontraram uma causa única. A genética desempenha um papel, e outros fatores incluem a idade do pai da criança, o peso da mãe e se esta tinha diabetes ou se foi exposta a determinados produtos químicos.

“A questão tem vindo a ser estudada há 20 anos, várias vezes por investigadores de todo o mundo, utilizando milhões de pessoas, e nunca foi encontrada uma associação fiável entre as vacinas e o autismo”, afirmou Alycia Halladay, que supervisiona as atividades de investigação e as concessões de bolsas para a Autism Science Foundation.

lusa/HN

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