Cientistas criam modelo de inteligência artificial capaz de antecipar doenças até 20 anos

18 de Setembro 2025

Uma equipa de cientistas desenvolveu um modelo de inteligência artificial (IA) capaz de prever o risco de aparecimento de mais de 1.000 doenças com décadas de antecedência, noticiou a agência EFE na quarta-feira.

“Este é um passo importante para abordagens mais personalizadas e preventivas para a saúde”, disse o diretor executivo do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (sigla inglesa EMBL), na Alemanha, Ewan Birney.

O modelo de IA, Delphi-2M, consegue prever o risco e o momento que uma doença surge com base no histórico do paciente, destacando que o modelo foi desenvolvido por cientistas do EMBL, do Centro Alemão de Investigação do Cancro (sigla alemã DKFZ) e da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca.

De acordo com os cientistas, o modelo funciona bem para condições com padrões de progressão claros e consistentes, como certos tipos de cancro, ataques cardíacos e sépsis (infeções sanguíneas).

O Delphi-2M é menos fiável para perturbações de saúde mental ou complicações relacionadas com a gravidez, que dependem de acontecimentos de vida imprevisíveis.

A ferramenta pode ajudar a identificar pessoas com maior risco de doenças, orientar programas de rastreio (exames para detetar precocemente doenças em pessoas sem sintomas) e apoiar o planeamento de saúde a longo prazo, segundo os cientistas.

O Delphi-2M foi capaz de simular trajetórias (percursos) de saúde de até 20 anos para um paciente.

“O nosso modelo de IA é uma prova do conceito que demonstra que é possível para a IA aprender muitos dos nossos padrões de saúde a longo prazo e utilizar essa informação para gerar previsões significativas”, indicou o diretor executivo do EMBL, Ewan Birney.

O modelo de IA conseguiu prever o aparecimento de doenças com uma precisão igual ou superior a outras ferramentas.

“Ao modelar a forma como as doenças se desenvolvem ao longo do tempo, podemos começar a explorar quando surgem determinados riscos e a melhor forma de planear intervenções precoces”, disse Ewan Birney.

Os cientistas avisaram que o modelo ainda não está pronto para uso clínico e que não deve ser utilizado para tomar decisões médicas diretas sem testes adicionais, destacando que o Delphi-2M oferece probabilidades.

O modelo foi capaz também de gerar dados sintéticos que protegem a privacidade do paciente, mas que continuam a ser úteis para treinar outros modelos de IA.

O      Delphi-2M foi treinado com informação clínica de 400.000 pessoas no Reino Unido e testado com dados de quase dois milhões de pessoas na Dinamarca.

lusa/HN

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