Human Rights Watch elogia Brasil por limitar utilização das redes sociais por menores

18 de Setembro 2025

A organização não-governmental Human Rights Watch (HRW) elogiou o Brasil por ser "o primeiro país da América Latina a aprovar uma lei específica para proteger a privacidade e a segurança das crianças 'online'".

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou na quarta-feira uma lei que impõe limites à utilização das redes sociais por crianças e adolescentes, que será agora enviada ao Congresso para aprovação.

“As crianças brasileiras estão finalmente a receber a proteção de que precisam e merecem para aprender, explorar e brincar com segurança ‘online'”, disse Hye Jung Han, investigadora dos direitos das crianças e de tecnologia na HRW.

“Outros governos [da América Latina] deveriam observar, aprender e fazer o mesmo”, acrescentou a investigadora da organização de defesa dos direitos humanos, num comunicado divulgado na quarta-feira.

A nova legislação obriga as plataformas de internet a adotar níveis máximos de proteção de dados nos casos de crianças e adolescentes, o que inclui “sistemas fiáveis” de verificação de idade.

Além disso, os menores de 16 anos só poderão ser admitidos nas redes sociais com autorização expressa dos pais, que deverão dispor de mecanismos adequados para fiscalizar a sua utilização.

Outras medidas incluídas na lei proíbem o envio de conteúdos pornográficos ou violentos para as contas de menores de idade, que também não poderão ter acesso a jogos de azar no espaço virtual, entre várias outras limitações.

A HRW destacou que as plataformas passam a estar proíbidas de usarem os dados pessoais de crianças e adolescentes de maneira que “cause, facilite ou contribua para a violação da sua privacidade”.

Em junho de 2024, o grupo alertou que fotos privadas de crianças brasileiras foram usadas em “poderosas ferramentas” de inteligência artificial, posteriormente exploradas para “criar ‘deepfakes’ abusivos” de outras crianças.

Designado em inglês como “deepfake”, esta técnica de produção de conteúdos multimédia falsos, mas de aparência autêntica, resulta da manipulação informática de sons ou imagens digitais preexistentes.

Através de técnicas de inteligência artificial, consegue ser tão bem feito, que, a olho nu, é muitas vezes impossível reparar que se trata de conteúdo artificial.

A lei também proíbe os serviços “online” de vigiar o comportamento online dos menores para direcionar publicidade que possa influenciar os seus interesses.

Duas investigações da HRW concluíram que crianças no Brasil e em todo o mundo foram secretamente vigiadas durante aulas através da Internet, durante a pandemia, por meio de técnicas invasivas de criação de perfis e publicidade comportamental.

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados brasileira deveria realizar consultas com crianças e adolescentes para começar a desenvolver as proteções para os direitos mencionados na lei, referiu a HRW.

lusa/HN

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