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“É mais uma decisão, mais um compromisso, que vem um pouco na sequência de tantos outros que têm vindo a ser anunciados ao longo de anos, mas o que nós verificamos, na prática, é cada vez mais uma incapacidade de resposta dos serviços de saúde às necessidades, designadamente em áreas como a ginecologia e obstetrícia”, disse André Martins à agência Lusa.
“Aquilo a que nós assistimos, deste Governo e de governos anteriores, são promessas de que a situação vai melhorar, mas o que nós verificamos é que a situação se vem agravando cada vez mais. E esta medida vem demonstrar exatamente isso, que tudo aquilo que foi prometido no passado não resultou”, acrescentou o presidente da AMRS, responsabilizando os sucessivos governos dos últimos anos pela degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
André Martins reagiu desta forma à decisão do Governo, anunciada hoje pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, de criar a curto prazo uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a funcionar em permanência, e o Hospital de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e pelo INEM.
A ministra, que falava na Comissão Parlamentar de Saúde, explicou que, para que isto aconteça, é preciso negociar com os sindicatos e falar com as ordens dos Médicos e dos Enfermeiros, uma vez que o Governo já tem a legislação pronta.
Na audição, a ministra da Saúde lembrou que, para assegurar a abertura permanente das 39 urgências do país seriam “necessárias mais de um milhão de horas anuais de trabalho médico”, cumprindo as dotações estabelecidas (20% de obstetras na equipa) pela Ordem dos Médicos.
Ana Paula Martins salientou ainda que, para a Península de Setúbal, e só para ter a funcionar as urgências do Hospital Garcia de Orta, que é o mais diferenciado, e do Hospital de Setúbal, seriam necessários mais 30 especialistas.
Para o presidente da AMRS, que é também o atual presidente da Câmara Municipal de Setúbal, “enquanto não houver uma política, uma orientação no sentido de que o SNS seja encarado pelos profissionais como uma boa solução para a sua vida, não vamos ter resultados positivos de forma a servir melhor as populações na área da saúde”.
André Martins lembrou ainda que as soluções que têm vindo a ser anunciadas para dar resposta aos problemas da saúde com recursos a médicos tarefeiros, “não só não resolveram, como ainda agravaram os problemas”.
“O que está aqui em causa é uma continuada degradação dos serviços de saúde, porque as medidas que têm sido anunciadas não resolvem os problemas, adiam os problemas”, reiterou o presidente da AMRS, lembrando que os municípios da região andam há décadas a alertar os sucessivos governos para a necessidade de se reforçar o Serviço Nacional de Saúde, enquanto referência, a nível internacional, de prestação de cuidados de saúde no nosso país.
lusa/HN



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