![]()
A percentagem aumentou progressivamente de 10,6% em 2015 para 14,3% em 2021, revelando que estes serviços não são apenas espaços para o tratamento de situações agudas, mas também locais onde muitas pessoas passam as últimas horas de vida, frequentemente com necessidades de cuidados paliativos de natureza física, psicológica, social ou espiritual.
O estudo destaca que, em Portugal, 15,7% das pessoas com demência faleceram em serviços de urgência, uma percentagem superior à das pessoas que morreram por cancro. Este dado evidencia as dificuldades particulares enfrentadas por doentes com demência nestes contextos, sobretudo se não acompanhados adequadamente.
Os dados, publicados na revista científica Annals of Emergency Medicine, sublinham a importância dos serviços de urgência como locais de cuidado no final da vida, um aspeto até agora pouco visível no debate público e nas investigações sobre urgências em Portugal. Entre os 35 países analisados, apenas Portugal, os Estados Unidos e a África do Sul registam o serviço de urgência como local de falecimento, com percentagens de 13,2%, 6,4% e 1,9%, respetivamente.
A equipa de investigação defende que este conhecimento coloca Portugal numa posição privilegiada para compreender e atuar sobre a realidade dos serviços de urgência enquanto locais de morte, garantindo que os cuidados prestados estejam alinhados com as preferências dos doentes e suas famílias. Salienta ainda a importância de preparar as equipas destes serviços para identificar pessoas com necessidades paliativas e assegurar que as instituições disponham dos recursos adequados para responder às necessidades destes doentes e familiares. Prevê também a necessidade de evitar, sempre que possível, o recurso a serviços de urgência, promovendo o apoio domiciliário.
Este estudo insere-se no projeto EOLinPLACE, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação e liderado pela Universidade de Coimbra, que visa criar uma nova classificação internacional dos locais de morte, incluindo os serviços de urgência, algo ainda inexistente na maioria dos países. Em 2024, a mesma equipa publicou ainda dados sobre a discrepância entre a preferência das pessoas em morrer em casa e a realidade do local de falecimento.
O artigo completo encontra-se disponível na plataforma da Annals of Emergency Medicine
NR/PR/HN



0 Comments