Cortes Republicanos na Saúde no centro do impasse orçamental que pode paralisar o governo dos EUA

21 de Setembro 2025

O Senado dos EUA rejeitou uma proposta de financiamento republicana, agravando o risco de uma paralisação governamental. O cerne do impasse são os cortes em programas de saúde como o Medicaid, aprovados pelos republicanos, que podem deixar milhões sem acesso a cuidados médicos.

 O Senado dos Estados Unidos chumbou esta sexta-feira a proposta de lei dos republicanos para um financiamento temporário do governo, agravando o risco de uma paralisação federal a 30 de setembro. O bloqueio tem como pano de fundo os cortes em programas de saúde pública, como o Medicaid, implementados por uma lei republicana anterior e que a nova proposta orçamental dos republicanos mantinha.

A votação no Senado terminou com 48 votos a favor e 44 contra, ficando muito aquém dos 60 necessários para avançar. A esmagadora maioria dos democratas opôs-se à medida, que manteria os cortes na saúde, com apenas um a votar a favor.

O impasse deixa o país a poucos dias de uma paralisação, com o Congresso prestes a entrar numa pausa de uma semana. Os líderes partidários trocaram acusações no plenário, revelando a clivagem fundamental: os republicanos acusam os democratas de quererem paralisar o governo, enquanto os democratas acusam os republicanos de financiarem a administração à custa do acesso aos cuidados de saúde.

O líder da maioria republicana, John Thune, defendeu a sua proposta, classificando-a como “limpa, apartidária e contínua”. Em contraponto, acusou a contraproposta democrata de ser “suja — carregada de políticas partidárias”.

Do lado democrata, o líder Chuck Schumer justificou a oposição pelos cortes republicanos em programas de saúde pública, resultantes do pacote legislativo de isenções fiscais do Presidente Trump. Schumer afirmou que o sentimento público estará do seu lado e ameaçou com uma paralisação se não houver reposição de fundos. “O povo norte-americano vai observar o que os republicanos estão a fazer… e será claro que o sentimento público estará do nosso lado”, declarou.

A proposta chumbada no Senado tinha sido aprovada um dia antes na Câmara dos Representantes e previa um financiamento até 21 de novembro, mantendo os níveis de despesa atuais, o que implicitamente confirmava os cortes à saúde já em curso.

O Presidente Donald Trump pressionou pela aprovação do projeto “sem emendas” na rede social Truth, acusando Schumer de querer paralisar o governo. No entanto, foi a lei anterior dos republicanos, batizada por Trump de “grande e bela lei”, que introduziu as poupanças no Medicaid que agora motivam a firme oposição democrata.

Os democratas apresentaram uma proposta alternativa que revertia esses cortes e protegia os subsídios de saúde, mas a sua minoria no Congresso torna a sua aprovação impossível sem apoio republicano. O impasse coloca assim milhões de americanos perante a perspetiva de perderem acesso a cuidados médicos, tornando os cortes na saúde no principal obstáculo a um acordo de financiamento.

NR/HN/Lusa

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