PRR na Saúde: Governo garante execução total dos fundos até 2026

24 de Setembro 2025

O secretário de Estado da Gestão da Saúde, Francisco Rocha Gonçalves, garantiu que "nenhum euro se vai perder" nos investimentos do PRR no setor. Apesar de uma taxa de execução de 19%, a maioria das obras de requalificação está em curso, com prazo até meados de 2026 para conclusão

Francisco Rocha Gonçalves assegurou esta segunda-feira, perante a comissão parlamentar de Saúde, que todos os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinados ao setor da saúde serão devidamente aplicados. A afirmação do secretário de Estado, que acompanhava a ministra Ana Paula Martins, visou afastar quaisquer receios de perda de financiamento comunitário, sublinhando que eventuais desistências formais de projetos dão lugar a uma rápida reafetação das verbas.

“Aquilo que não for utilizado e for objeto de uma desistência formal é recolocado em projetos que agora em nove meses possam ser concluídos”, explicou Rocha Gonçalves, classificando este mecanismo como uma “regra da boa gestão do dinheiro público”. O governante lembrou que o Serviço Nacional de Saúde é o terceiro maior beneficiário do PRR, dispondo de uma dotação global de dois mil milhões de euros, valor que, apontou, “houve um reforço em determinada altura”.

Esse reforço financeiro, segundo a sua leitura, acabou por “diluir um bocadinho” a base de cálculo da taxa de execução, que se situa atualmente nos 19%. Sem esse acréscimo, a percentagem seria de 24%, um pormenor que considera crucial para interpretar os números. “Não é preocupante”, insistiu, mostrando confiança nos nove meses que restam para a aplicação dos fundos. A maioria das operações de requalificação hospitalar já está no terreno e tem como data limite para conclusão o meio do ano de 2026.

Para captar as verbas libertadas, o Ministério da Saúde já tem dois avisos abertos. Um deles dirige-se à aquisição de equipamento básico clínico e abrange um leque alargado de entidades, desde as Unidades Locais de Saúde ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) ou ao Infarmed. O outro aviso contempla investimentos específicos em hospitais e ULS de municípios como Barcelos, Aveiro, Leiria, Coimbra ou no IPO do Porto. Rocha Gonçalves adiantou que se aguarda “uma validação final da Comissão Europeia” para estes processos.

O secretário de Estado abordou ainda a rescisão de contratos para 876 camas de cuidados continuados integrados, de um total de 7.400 previstas. Na sua perspetiva, a decisão de algumas instituições privadas em desistir das candidaturas prende-se com a sua própria avaliação de oportunidade de investimento e questões de licenciamentos. Mais uma vez, garantiu que as verbas envolvidas “não vão ser perdidas” e serão redirecionadas.

A terminar a audição, Francisco Rocha Gonçalves fez uma breve incursão pela operacionalidade da Linha SNS 24, afirmando que a mesma está preparada para a época de inverno. O operador vai “adaptar a tecnologia” e, citou, “vai fazê-lo com a Inteligência Artificial” para melhorar a resposta.

NHR/HN/Lusa

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