Oeiras financia quatro provas de conceito com 200 mil euros

26 de Setembro 2025

Os vencedores da 4.ª edição do Fundo de Prova de Conceito InnOValley serão conhecidos a 29 de setembro, às 17h00, no Taguspark, durante o BIOMEET 2025. Oeiras atribui 200 mil euros, repartidos por quatro projetos, com 50 mil euros cada e 12 meses de execução, para aproximar soluções científicas do mercado

A decisão cai no dia 29 de setembro, ao fim da tarde, com o Taguspark a servir de palco a uma rotina cada vez mais frequente em Oeiras: ciência a sair do laboratório. O município coloca 200 mil euros em cima da mesa, divididos por quatro projetos, no âmbito da 4.ª edição do Fundo de Prova de Conceito InnOValley. O anúncio acontece integrado no BIOMEET 2025, encontro que junta investigadores, empresas e quem tem a difícil tarefa de fazer a ponte entre ambos.

A chamada deste ano somou 19 candidaturas. Chegaram propostas em áreas que tocam a vida diária e a indústria: terapias, bioinoculantes e biotratamentos agrícolas, diagnóstico e imagem, dispositivos médicos e saúde digital, bioprocessos para síntese farmacêutica, soluções clínicas com atenção ao impacto ambiental. A triagem esteve a cargo de um painel de 11 especialistas, com décadas de trabalho internacional em inovação, empreendedorismo e capital de risco. É uma filtragem exigente — não necessariamente barulhenta, mas atenta ao que pode, de facto, andar.

Cada projeto vencedor recebe 50 mil euros durante 12 meses. É dinheiro com destino definido: reduzir o risco tecnológico, consolidar protótipos, dar tração a ensaios e, quando possível, ensaiar a entrada no mercado. Pedro Pedrosa, coordenador da Unidade de Inovação do ITQB NOVA, sublinha esse ponto: “Estes prémios representam uma oportunidade única para transformar ideias promissoras em soluções com impacto real. O apoio à prova de conceito é essencial para reduzir o risco tecnológico e aproximar a ciência do mercado. Estamos muito entusiasmados com a qualidade das propostas recebidas e confiantes de que esta edição irá gerar projetos com grande potencial de valorização.” Não há aqui promessa de atalhos, apenas a tentativa de encurtar o caminho.

Desde 2021, o programa já empurrou mais de uma dúzia de projetos para fora da gaveta. No percurso, captaram mais de 250 mil euros adicionais, vindos de entidades como a Fundação “la Caixa” e o Conselho Europeu de Investigação. Três pedidos de patente foram entretanto registados e outros estão em análise e submissão. São números modestos, dirá alguém, mas que indiciam movimento — a marcha lenta das coisas que precisam de tempo.

A autarquia, através de Isaltino Morais, tem repetido a ideia de que apoiar ciência e inovação é política pública com efeitos tangíveis. Nas palavras do presidente da Câmara de Oeiras: “O investimento no conhecimento científico e em soluções inovadoras, com impacto real na vida das pessoas, gera valor económico, social e ambiental, contribuindo para a qualidade de vida da população. O Fundo de Prova de Conceito InnOValley é um exemplo de excelência disso mesmo e com provas dadas ao longo dos anos.” A retórica é conhecida, mas o mecanismo financeiro existe e tem vindo a ser reforçado.

O InnOValley nasce do Município de Oeiras, enquadrado na Estratégia para a Ciência e Tecnologia local, e opera em parceria com institutos do ecossistema científico do concelho. Em 2025, o perímetro alarga‑se com dois novos parceiros estratégicos: o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e o NIMSB – NOVA Institute for Medical Systems Biology, ambos sediados em Oeiras. Pedro Pedrosa chama‑lhe “plataforma colaborativa” que cruza ciência fundamental e aplicação prática em biotecnologia agrícola, saúde e sustentabilidade. Expressão algo técnica, mas que, traduzida, significa mesas partilhadas, dados trocados, laboratórios que falam entre si.

PR/HN

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