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A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo está a preparar uma resposta firme contra uma proposta de reestruturação que põe em causa a maternidade do Hospital de Abrantes e a urgência pediátrica de Torres Novas. A movimentação surge na sequência de uma notícia do Expresso que detalha um plano entregue ao Governo, sugerindo alterações profundas na prestação de cuidados agudos a grávidas e crianças.
Em comunicado, a comissão confirmou ter solicitado de imediato uma reunião com o presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Médio Tejo (ULSMT). O objetivo passa por obter informações concretas sobre tais propostas, que classificam como uma ameaça direta a “dois prestigiados serviços”. Paralelamente, está já a ser preparado um pedido de encontro com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
O documento em causa, elaborado pela Comissão Nacional da Saúde da Mulher e entregue esta semana, prevê uma reorganização que implica a mobilidade de equipas entre maternidades. Alberto Caldas Afonso, coordenador do grupo de peritos, foi perentório ao Expresso quanto à situação específica do Médio Tejo. “A obstetrícia está em Abrantes e a pediatria e a neonatologia em Torres Novas. Isto não faz sentido e não pode continuar”, afirmou, deixando antever uma intenção de fusão ou centralização que vai além de uma simples rotação de profissionais.
Perante esta eventualidade, os utentes não se ficam pelos apelos formais. A comissão anunciou o lançamento iminente de um abaixo-assinado dirigido ao Ministério da Saúde, no qual se exigirá o funcionamento permanente e inalterado daqueles dois serviços. A expectativa é de que a recolha de “muitos milhares de assinaturas” venha a demonstrar, de forma clara, o descontentamento das populações. Estão ainda planeadas ações de informação e mobilização, em conjunto com outras comissões locais, para defender o que consideram serviços “essenciais”.
A ULS Médio Tejo assegura a resposta a cerca de 170 mil utentes de onze concelhos, uma área geograficamente dispersa onde os três hospitais – em Abrantes, Tomar e Torres Novas – estão separados por distâncias que chegam aos trinta quilómetros. Qualquer alteração que force um maior deslocamento das populações é vista com extrema apreensão, num território onde a proximidade dos cuidados de saúde é entendida como uma questão vital. A pulsação da região parece preparar-se para bater mais forte em defesa do seu hospital.
NR/HN/Lusa



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