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O serviço de urgência geral do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, na Amadora, registava esta manhã tempos de espera superiores a 15 horas para doentes com classificação de urgente. De acordo com dados do portal do SNS consultados pelas 09:20, o período médio para primeira observação atingia 15 horas e 06 minutos para casos de pulseira amarela e 16 horas e 09 minutos para os de pulseira verde.
Na urgência geral, um total de 43 pessoas aguardava por atendimento. Desse conjunto, 20 eram doentes urgentes, 21 pouco urgentes e dois não urgentes. O panorama ilustra a pressão constante sobre a unidade, que serve uma população de aproximadamente 600 mil utentes.
Uma fonte do hospital, contactada pela Lusa, apontou o fenómeno dos internamentos sociais como um dos estrangulamentos críticos. Mais de 20% dos leitos estão ocupados por pessoas que, embora com alta clínica, permanecem no hospital por diversas razões, impedindo a admissão de novos doentes a partir da urgência. Para fazer face a esta situação, a administração pondera a construção de uma unidade específica para estes internamentos, com capacidade para cerca de 70 camas, no terreno do próprio hospital.
A carência de médicos de família na região é outro fator que sobrecarrega os serviços de urgência. Cerca de um terço da população abrangida não tem médico atribuído no centro de saúde, canalizando para o hospital problemas de saúde que poderiam ser resolvidos em cuidados primários.
No início do ano, a unidade local de saúde aderiu ao projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, uma tentativa de desafogar as urgências através do encaminhamento prévio via Linha SNS24. A medida procura combater um padrão verificado anteriormente, em que 55% dos atendimentos no Fernando Fonseca correspondiam a situações não urgentes ou pouco urgentes.
O sistema de triagem em vigor no SNS estabelece tempos de resposta recomendados de 10 minutos para casos muito urgentes (laranja), 60 minutos para urgentes (amarela) e 120 minutos para pouco urgentes (verdes). Os números registados hoje no Amadora-Sintra distanciam-se de forma acentuada dessas referências.
A administração hospitalar já admitiu publicamente a intenção de criar, até final do ano, equipas dedicadas para a Urgência, através da implementação de um Centro de Responsabilidade Integrada. Um modelo similar já funciona noutras instituições, como o Hospital S. José, mas a sua concretização no Amadora-Sintra surge como uma resposta aguardada para um problema que se repete.
NR/HN/Lusa



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