Encerramento por radão no Centro de Saúde da Covilhã persiste

3 de Outubro 2025

A Câmara da Covilhã concluiu a limpeza do piso inferior do Centro de Saúde, mas mantém-no selado. O encerramento preventivo deve-se a valores de gás radão acima do legal, detetados na infraestrutura com mais de 30 anos

O piso inferior do Centro de Saúde da Covilhã permanece inacessível, selado preventivamente após a medição de concentrações de gás radão que excedem os limites legais. A autarquia, que já finalizou operações de limpeza no local, decidiu manter o enclausuramento até que a situação seja considerada normalizada. A decisão surge na sequência de uma comunicação da Unidade Local de Saúde (ULS) da Cova da Beira, que ordenou o selamento do piso -1 para evitar exposições.

No comunicado em que detalha a sua atuação, o município enfatiza ter acionado os seus recursos de imediato para auxiliar nos trabalhos logísticos de realojamento de serviços, que arrancaram na terça-feira. A Câmara assegura estar a acompanhar o dossier com empenho, mas lança um dado novo ao debate: até agora, nunca lhe tinha sido comunicada qualquer suspeita da presença deste gás radioativo no edifício. Uma omissão relevante, pois o imóvel, com mais de três décadas, só em 2023 transitou para a alçada do município no âmbito da transferência de competências.

A Covilhã sublinha que a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), anterior gestora do espaço, chegou a elaborar um documento a listar as necessidades de manutenção, mas nele não constava qualquer menção ao potencial problema do radão. Perante o silêncio prévio e a gravidade da descoberta, a autarquia solicitou uma reunião urgente tanto à ARSC como à ULS Cova da Beira, num claro esforço para destrinçar responsabilidades e traçar um caminho para resolver o impasse.

O radão, um gás natural incolor e inodoro, liberta-se de solos graníticos como os da região. Em divisões fechadas e mal arejadas, como caves, a sua acumulação pode atingir níveis perigosos. A Organização Mundial de Saúde identifica-o como a segunda principal causa de cancro do pulmão, logo a seguir ao consumo de tabaco. O caso do centro de saúde na Covilhã expõe assim uma vulnerabilidade antiga, agora descoberta, que obriga a uma intervenção cautelosa e a um diálogo forçado entre as várias entidades responsáveis pela saúde pública.

NR/HN/Lusa

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