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Milton Nascimento, voz imortal da música brasileira, enfrenta agora o desafio de uma demência com corpos de Lewy. O diagnóstico, uma doença neurodegenerativa sem cura, foi confirmado em junho, após a família ter procurado respostas para alterações comportamentais do artista.
Augusto Nascimento, filho e empresário do cantor, foi quem trouxe o assunto a público numa conversa com a revista Piauí. Contou que, no princípio do ano, o pai começou a dar sinais de alerta: esquecimentos frequentes, perda de apetite, um olhar por vezes ausente e a repetição de comentários num curto espaço de tempo. O músico, que já lidava com a doença de Parkinson diagnosticada em 2023, viu o seu estado cognitivo agravar-se em abril, segundo avaliações médicas, ainda que sem uma conclusão definitiva na altura.
Numa pausa entre consultas e com o aval dos médicos, Milton e o filho embrenharam-se numa jornada de quase quatro mil quilómetros de caravana pelos estados do Arizona, Utah, Idaho, Wyoming e Montana, nos Estados Unidos. Uma viagem que ambos desejavam fazer e que cumpriram em maio, antes do regresso ao Brasil e da confirmação clínica da demência.
A demência com corpos de Lewy, uma das formas mais comuns desta condição, apresenta uma conjugação de sintomas que lembra o Alzheimer e inclui distúrbios motores típicos do Parkinson. A família de Milton Nascimento esclareceu que, para além do testemunho de Augusto, não pretende fazer mais declarações sobre o assunto, pedindo respeito pela sua privacidade.
Milton Nascimento, autor de canções como “Canção da América” e “Maria Maria”, despediu-se dos palcos em 2022 com a digressão “A Última Sessão de Música”. No início de 2025, ainda pôde ser visto no Sambódromo do Rio de Janeiro, desfilando pela Portela, escola que o homenageou. Os seus problemas de saúde, no entanto, são uma presença antiga, agravados pela diabetes e complicações cardíacas que o levaram a sucessivas internações hospitalares, incluindo uma intervenção de cateterismo.
Ao longo de uma carreira vasta, o cantor e guitarrista legou 34 discos e colaborou com nomes fundamentais da música, de Wayne Shorter a Caetano Veloso. A sua obra valeu-lhe cinco prémios Grammy, reconhecendo discos como “Nascimento” (1997) e “Crooner” (2000). Agora, a sua batalha é outra, longe dos holofotes.
NR/HN/Lusa



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