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Os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA puseram termo à recomendação universal de vacinação contra a Covid-19, num revés que entrega aos pacientes a decisão final sobre a toma da dose. A agência federal adotou as orientações votadas a 19 de setembro por um novo grupo de conselheiros, escolhido a dedo pelo secretário da Saúde, Robert F. Kennedy Jr.
A mudança oficializa uma rutura com a política anterior de reforços anuais para quase todos os americanos com mais de seis meses, que vigorava desde que a pandemia arrefeceu. O anúncio foi feito esta quarta-feira, após a aprovação formal do subsecretário de Saúde e Serviços Humanos, Jim O’Neill, que atua como diretor interino do CDC. O’Neill não se coibiu de celebrar a viragem, sustentando que as orientações precedentes “dissuadiam os profissionais de saúde de falar sobre os riscos e benefícios da vacinação”. “O consentimento informado está de volta”, declarou, num rasgo de satisfação que não passou despercebido.
A afirmação, porém, gerou desconforto em setores médicos. Jesse Hackell, médico reformado que colaborou em comunicados da Academia Americana de Pediatria, contra-argumentou que o consentimento informado nunca esteve ausente da prática clínica. “Dizer que está de volta implica que tinha desaparecido. De forma alguma desapareceu”, atirou, reflectindo a perplexidade de quem vê na nova postura um exagero de efeitos secundários raros e uma subestimação dos perigos da infeção natural.
A administração Kennedy, que em maio já havia retirado a recomendação para crianças saudáveis e grávidas, vê assim consolidada uma visão mais restritiva sobre a imunização. O painel por si indicado instou ainda o CDC a adotar uma linguagem mais rigorosa em relação aos alegados riscos das vacinas, um movimento que se choca com a posição de sociedades médicas que continuam a recomendá-las para grupos de risco.
Noutra frente, O’Neill aprovou uma recomendação do mesmo painel sobre a vacina da varicela, sugerindo que crianças com menos de quatro anos recebam a primeira dose de forma isolada, e não combinada com a vacina tríplice viral. Uma decisão que, na prática, alinha o CDC com uma prática comum desde 2009, já que 85% das crianças já recebem a vacina contra a varicela separadamente.
NR/HN/Lusa



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