Angelini Pharma avança em saúde cerebral com opção global sobre composto inovador da coreana Sovargen

8 de Outubro 2025

Angelini Pharma assegurou uma opção global para licenciar o composto SVG105 da sul-coreana Sovargen, um ativo pré-clínico inovador para doenças cerebrais. O acordo poderá render à Sovargen até 550 milhões de dólares, reforçando o pipeline da Angelini numa área terapêutica prioritária.

A farmacêutica Angelini Pharma deu mais um passo no reforço da sua presença na área da saúde do cérebro, celebrando um acordo de opção exclusiva com a empresa de biotecnologia sul-coreana Sovargen. O entendimento concede à Angelini o direito de licenciar globalmente o composto SVG105, uma molécula em fase pré-clínica que atua sobre a via mTOR, um alvo geneticamente validado para condições como a epilepsia infantil farmacorresistente. O anúncio foi tornado público esta terça-feira, dia 7 de outubro.

Nos termos do pacto, a Angelini Pharma e a Sovargen irão colaborar nos esforços de desenvolvimento pré-clínico. Findo um período inicial, a Angelini detém a opção exclusiva de assumir o desenvolvimento clínico e a comercialização do ativo a nível mundial, com exceção de mercados como a Coreia do Sul, China, Hong Kong, Macau e Taiwan. A Sovargen receberá um pagamento inicial e poderá auferir até cerca de 550 milhões de dólares em pagamentos adicionais, sujeitos ao cumprimento de marcos de desenvolvimento e comerciais, para além de royalties escalonados sobre as vendas.

Jacopo Andreose, CEO da Angelini Pharma, sublinhou que a parceria “robustece o papel de liderança da empresa no campo da saúde do cérebro, acrescentando amplitude ao nosso portefólio”. Andreose destacou a necessidade premente de novas soluções, recordando que “muitas pessoas com epilepsia continuam sem controlar as crises, apesar de múltiplos tratamentos”.

Do lado da Sovargen, o CEO Cheolwon Park manifestou entusiasmo pela colaboração. “A nossa investigação demonstra o potencial do SVG105 para transformar o panorama terapêutico. Acreditamos que a experiência da Angelini será decisiva para acelerar a chegada de novas opções aos doentes”, afirmou.

Este acordo insere-se numa estratégia mais ampla da Angelini Pharma, que nos últimos dois anos tem vindo a diversificar o seu pipeline na área do cérebro através de várias aquisições e parcerias. Em maio de 2025, a empresa aliou-se à GRIN Therapeutics para o desenvolvimento do radiprodil, um fármaco para epilepsias genéticas raras. Pouco antes, havia adquirido ativos à OmniAb para desenvolver o composto RO’599. Em 2023, uma colaboração com a JCR Pharmaceuticals permitiu integrar no seu portefólio uma tecnologia inovadora para ultrapassar a barreira hematoencefálica com biológicos.

O SVG105 representa uma modalidade terapêutica distinta, baseada em oligonucleótidos antissenso, uma abordagem que visa modular com precisão alvos genéticos no cérebro. A plataforma da Sovargen foca-se em doenças cerebrais intratáveis causadas por mutações somáticas, como a displasia cortical focal tipo II, uma das causas de epilepsia resistente a medicamentos.

A saúde do cérebro, que abrange condições neurológicas e de saúde mental, constitui uma prioridade de saúde pública global, afetando milhões de pessoas e acarretando custos sociais e económicos significativos.

PR/HN

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