Medo da recorrência do cancro da mama assombra 46% das mulheres inquiridas

9 de Outubro 2025

Um estudo português revela que 46% das mulheres receia o regresso da doença, com 68% a sentirem medo e 60% ansiedade. A falta de informação clara e os efeitos secundários dos tratamentos são algumas das principais preocupações

Quase metade das mulheres inquiridas num estudo nacional sobre cancro da mama vive com o receio de a doença voltar. Os dados, agora conhecidos, mostram que 46% pensa na possibilidade de recorrência pelo menos uma vez por mês, um número que espelha a carga emocional que persiste após o diagnóstico. O medo (68%) e a ansiedade (60%) surgem como os sentimentos mais frequentes, com impacto direto no bem-estar e na qualidade de vida.

O inquérito, que contou com 1 124 respostas, foi desenvolvido pela Associação EVITA Cancro Hereditário, em colaboração com a Careca Power e com o apoio da Novartis. Apesar de 94% das participantes afirmarem conhecer o significado de “recorrência”, essa perceção é, na maioria dos casos, superficial. A informação sobre o risco concreto de reaparecimento da doença é considerada menos clara do que a informação geral sobre o cancro da mama.

Tamara Milagre, presidente da EVITA, sublinha a dimensão do problema: “Os resultados são claros e preocupantes, uma vez que o medo da doença voltar assombra quase metade das mulheres inquiridas pelo menos uma vez por mês. E se queremos combater a doença, temos de começar por combater o medo e a ansiedade que ela gera, e isso só é possível com informação de qualidade e acessível.”

A esmagadora maioria (87%) manifestou interesse em obter mais dados sobre o tema. Embora o médico oncologista seja a fonte preferida e considerada mais fiável (91%), muitas mulheres acabam por procurar informações na internet (42%) ou junto de outros profissionais de saúde (42%).

O estudo permitiu ainda identificar os motivos que levariam as doentes a recusar um tratamento adjuvante, destinado a reduzir o risco de recidiva. Entre os fatores mais citados estão as dúvidas sobre a eficácia (56,6%), os efeitos secundários (54%) e o custo financeiro (53%). O impacto na vida familiar e profissional também pesa na decisão.

A ausência de um diálogo aberto e transparente sobre a recorrência parece assim condicionar o quotidiano das mulheres, mantendo-as num ciclo de apreensão que vai muito além do diagnóstico inicial.

PR/HN

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