![]()
Um comboio de mais de cento e cinquenta camiões carregados com auxílio vital conseguiu finalmente atravessar a fronteira egípcia em direção à enclave palestiniana, num movimento concretizado neste dia. A informação, avançada por duas fontes da Cruz Vermelha Egípcia, chega num momento de frágil esperança, horas depois de Israel e o Hamas terem acordado uma pausa nas hostilidades que já se arrastam por dois longos anos.
De acordo com os detalhes apurados, a operação de hoje envolveu 153 veículos pesados. Estes não seguiram pela rota principal, mas sim por uma estrada secundária do complexo fronteiriço de Rafah, com o seu destino final sendo o ponto de passagem de Kerem Abou Salem, de onde a carga será distribuída por uma população à beira do colapso. A composição do comboio ilustra o esforço internacional concertado: 80 camiões foram fretados pelas Nações Unidas, que soou o alarme sobre a fome catastrófica a norte do território, enquanto a Cruz Vermelha Egípcia geriu 17, o Qatar 21 e o próprio Egito disponibilizou 30 unidades.
Este corredor humanitário abre-se num contexto de profunda crise. A ONU não tem hesitado em classificar a situação no norte de Gaza como de fome, um veredicto severo que marca um precedente sombrio na região. Enquanto isso, acumulam-se as acusações contra Israel por alegadamente usar a privação de alimentos como método de guerra, uma alegação que o governo israelita rejeita com veemência. O conflito, cujos primeiros capítulos remontam ao ataque do Hamas que matou aproximadamente 1.200 pessoas em solo israelita e levou 251 para cativeiro, já deixou um rasto de mais de 67.100 palestinianos mortos e uma paisagem urbana reduzida a escombros.
O acordo que agora permite a entrada de comida e medicamentos foi costurado na noite de quarta-feira em Sharm el-Sheikh, após rondas de negociações intensas. Mediadores egípcios e norte-americanos, com a participação do Qatar e da Turquia, trabalharam para aproximar as posições de negociadores israelitas e do grupo extremista. O entendimento, que se insere na arquitetura do plano de paz proposto pelo então Presidente norte-americano Donald Trump, estabelece não apenas a trégua, mas também uma complexa troca de reféns ainda detidos em Gaza por prisioneiros palestinianos encarcerados em Israel. Estipula ainda a retirada progressiva de tropas israelitas para zonas específicas dentro do território. Apesar do ceticismo que paira sobre a duração deste cessar-fogo, a imagem dos camiões a avançar é, pelo menos por hoje, um sinal tangível de um ligeiro alívio para Gaza.
NR/HN/Lusa



0 Comments