Ministra da Saúde admite falhas no SNS 24 e anuncia reforço para o inverno

10 de Outubro 2025

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu constrangimentos na Linha SNS 24. O Governo pediu um reforço do serviço para o inverno, mas a cobertura nacional total ainda não está garantida, num contexto de previsão de chamadas sem resposta

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, admitiu esta quinta-feira, 10 de outubro, que a Linha SNS 24 enfrenta constrangimentos e que já foi solicitado um reforço de meios para fazer face ao período de inverno. As declarações foram feitas aos jornalistas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a propósito de um estudo hoje divulgado que estima que cerca de um milhão de chamadas poderão ficar por atender.

“Temos noção dos constrangimentos”, afirmou Ana Paula Martins, detalhando que foi pedido aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e à operadora Altice um reforço do serviço em, pelo menos, 27 unidades locais de saúde. A governante comentava assim as projeções de investigadores que anteveem, no início de 2026, um pico de 900 mil tentativas de chamadas mensais, deixando potencialmente sem resposta perto de 300 mil contactos num único mês.

O almejado, segundo a ministra, seria alargar este plano de contingência às 12 ULS onde o modelo ainda não está implementado. No entanto, confessou, “isso não está garantido neste momento”. A expectativa do Governo centra-se agora em assegurar o reforço nas 27 unidades já identificadas durante a estação fria.

Para além do inevitável reforço de profissionais, Ana Paula Martins apontou a inteligência artificial e outras tecnologias como vetores essenciais para agilizar o atendimento. “Quando ligamos para uma linha a pedir ajuda é importante que não nos levem muito tempo a atender”, sublinhou, defendendo a necessidade de um encaminhamento e acionamento de resposta mais céleres. Esta visão vai ao encontro das garantias dadas no mês passado pelo secretário de Estado da Gestão da Saúde, Francisco Rocha Gonçalves, que assegurou a adaptação tecnológica da linha, incluindo o uso de IA, para a responder no inverno.

Os números citados pelo jornal Expresso, que deu conta do estudo, indicam que a linha conta atualmente com 3.200 profissionais e respondeu a 4,3 milhões de contactos entre janeiro e setembro deste ano. O contraste com as projeções para o inverno ilustra a pressão adicional que se avizinha sobre este serviço.

NR/HN/Lusa

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