OE2026 prioriza profissionais do SNS com aumento de 5% nas despesas com pessoal

10 de Outubro 2025

O setor da Saúde recebe mais de 17 mil milhões de euros no OE2026. A ministra destina 7,7 mil milhões para salários, um aumento de 5%, visando valorizar carreiras e fixar profissionais, numa clara opção política pelo SNS

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, traçou esta sexta-feira as linhas mestras do Orçamento do Estado para 2026 para a Saúde, colocando a tónica nos profissionais do Serviço Nacional de Saúde. À margem de um evento sobre saúde mental no Centro Cultural de Belém, a governante destacou o aumento de 5% nas despesas com pessoal, um reforço que classifica como uma “opção política de fundo” para fixar médicos e enfermeiros no sistema público.

“Queria salientar o aumento da rubrica em recursos humanos, não só para suportar aquilo que já foi feito na valorização das carreiras, mas também naquelas que ainda faltam”, afirmou Ana Paula Martins aos jornalistas. A ministra garantiu que o SNS é uma prioridade do Governo e explicou que este acréscimo salarial “inclui suplementos ou incentivos associados ao trabalho em equipa e à produção de indicadores baseados no valor, não apenas na produção, mas na qualidade para as pessoas”.

O reforço, que eleva a dotação para os salários para 7.767 milhões de euros, surge em contraciclo com uma quebra de 10% na verba para a aquisição de bens e serviços, fixada em 7.914 milhões de euros. Uma opção que, segundo Martins, visa precisamente “reduzir a dependência de prestações de serviços externos”, privilegiando a criação de modelos que incentivem a fixação dos profissionais. “Passar a trabalhar mais com aqueles que recrutamos para o SNS”, concluiu, definindo o rumo.

No quadro global, o setor da Saúde disporá de mais de 17 mil milhões de euros, um incremento de 1,5% face às previsões para 2025. Esta massa financeira está essencialmente repartida entre despesas com o pessoal (44,9%) e com a aquisição de bens e serviços (45,7%). A fatia de leão do financiamento, no montante de 15.116 milhões de euros, será suportada por impostos, completada com transferências entre entidades (239 milhões de euros) e fundos europeus (655 milhões de euros).

O investimento não foi esquecido na equação, ainda que com um peso mais contido. As entidades do SNS terão cerca de 860 milhões de euros para este fim no próximo ano, um valor que representa 5,2% do total do orçamento do setor.

O percurso da proposta de lei agora conhecida está traçado: o debate na generalidade está agendado para os dias 27 e 28 de outubro, com a votação final global prevista para 27 de novembro. O futuro do SNS, pelo menos no papel, começa agora a ser desenhado.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

RALS promove II Encontro de Literacia em Saúde

Viana do Castelo acolhe o II Encontro de Literacia em Saúde, organizado pela Rede Académica de Literacia em Saúde. O evento reúne especialistas e profissionais para debater estratégias de capacitação da população na gestão da sua saúde. A sessão de abertura contou com a presença de representantes da academia, do poder local e de instituições de saúde, realçando a importância do trabalho colaborativo nesta área

Estudantes veem curso de Medicina na UTAD como alívio para escolas sobrelotadas

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina considerou hoje que a abertura do curso de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro representa uma oportunidade para aliviar a sobrelotação nas restantes escolas médicas. O presidente da ANEM, Paulo Simões Peres, sugeriu que a nova oferta poderá permitir uma redução de vagas noutros estabelecimentos, transferindo-as para Vila Real, após a acreditação condicional do mestrado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

Curso de Medicina da UTAD recebe luz verde condicional

A A3ES aprovou o mestrado em Medicina na UTAD, uma resposta à saturação das escolas médicas. A ANEM vê a medida com esperança, mas exige garantias de qualidade e investimento na formação prática.

Gouveia e Melo repudia uso político da crise na saúde

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo criticou a tentativa de capitalizar politicamente os problemas na saúde, defendendo que o Presidente não deve interferir na governação. Falou durante uma ação de campanha em Viseu

Ventura convoca rivais para debate presidencial sobre saúde

O candidato André Ventura desafiou Gouveia e Melo, Marques Mendes e António José Seguro para um debate sobre saúde, em qualquer formato. Defende um novo modelo para o setor, criticando os consensos anteriores por apenas “despejar dinheiro” sem resolver problemas

São José consolida liderança na cirurgia robótica

A Unidade Local de Saúde São José realizou mais de 2800 intervenções com robôs cirúrgicos desde 2019. O volume anual quintuplicou, afirmando-se como referência nacional na tecnologia

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights