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Num ano em que a pressão sobre as comunidades se mantém elevada, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) decidiu dar especial atenção ao Mês da Saúde Mental, reforçando o leque de respostas que já mantém no terreno. A organização humanitaria, presente de norte a sul do país, entende que o bem-estar psicológico não é um acessório, mas antes uma dimensão central da sua intervenção, atravessando todas as fases da vida e múltiplos contextos – das escolas aos lares de idosos, das situações de catástrofe aos programas de reintegração.
Mais de uma centena de técnicos, integrados em equipas multidisciplinares, trabalham diariamente na escuta, no acompanhamento e no apoio a pessoas em diferentes momentos. O projeto EU4Health, financiado pela União Europeia e coordenado a nível internacional, permitiu capacitar profissionais e voluntários, com destaque para a comunidade escolar, em Primeiros Socorros Psicológicos, com aplicação particular no apoio a deslocados pelo conflito na Ucrânia. Dessa iniciativa nasceu o Guia de Etiqueta em Saúde Mental, um recurso gratuito que sugere formas de ouvir e apoiar com respeito e empatia.
A intervenção comunitária da Cruz Vermelha combina apoio psicossocial, dinâmicas de grupo e atividades lúdicas, procurando promover autonomia e coesão social. Em contexto de crise, como no rescaldo de incêndios, as equipas garantem programas de recuperação emocional e sessões de grupo, assegurando acompanhamento tanto às populações afetadas como aos próprios operacionais.
Já nas escolas, programas educativos ajudam as crianças a identificar sentimentos, a gerir emoções e a desenvolver empatia. Paralelamente, através de parcerias com municípios e serviços de saúde, a CVP assegura apoio psicológico e terapia acessível a pessoas em situação de vulnerabilidade, de todas as idades.
Nos projetos de envelhecimento ativo, a organização promove atividades de estimulação cognitiva, expressão artística e grupos de partilha, dirigidos sobretudo a idosos que enfrentam isolamento geográfico, problemas de saúde ou solidão familiar. O Serviço de Teleassistência garante companhia, segurança e resposta imediata, funcionando como um discreto mas vital dispositivo de presença.
A organização tem também vindo a integrar soluções digitais nos seus programas, usando campanhas online, vídeos interativos e materiais pedagógicos para tornar o tema mais acessível e natural. “Vivemos tempos exigentes, em que a solidão pesa mais e as vulnerabilidades se tornam mais visíveis”, refere António Saraiva, Presidente Nacional da CVP. “A saúde mental é parte deste compromisso. É estar ao lado das pessoas, nos dias em que o silêncio é mais pesado, nas horas em que o medo aperta.”
No dia 31 de outubro, a CVP organiza, através das suas Escolas Superiores, o Congresso Nacional de Saúde Mental, em formato online e de acesso gratuito. O evento reunirá especialistas, profissionais e comunidade académica para refletir sobre os desafios atuais e futuros, sublinhando a importância de integrar a saúde mental em todas as respostas humanitárias e sociais.
PR/HN



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