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Uma investigação internacional traz à luz dados severos: um diagnóstico de doença mental grave, como a esquizofrenia ou o transtorno bipolar, carrega consigo uma redução da esperança de vida que pode ir dos 12 aos 15 anos. A conclusão é do Instituto Maimónides de Investigación Biomédica de Córdoba (IMIBC), que na sexta-feira divulgou um estudo aprofundado sobre esta mortalidade prematura.
Pela primeira vez, o trabalho conseguiu medir a taxa de perda da função pulmonar em fumantes com estas condições, acompanhados durante um período de três a cinco anos. Os resultados, noticiados pela agência Europa Press, não deixam margem para dúvidas: o risco de mortalidade por qualquer causa respiratória é aproximadamente duas vezes superior nestes doentes quando comparado com a população em geral. Um despique que se acentua de forma particularmente cruel nas faixas etárias mais jovens.
Esta mortalidade excessiva manifesta-se num leque alargado de patologias, desde a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) até pneumonia, tuberculose, COVID-19 e outras infeções respiratórias. O padrão sublinha uma vulnerabilidade profundamente arraigada a doenças que, noutro contexto, seriam potencialmente evitáveis. Os pacientes, refere o estudo, exibem uma perda acelerada da função pulmonar, um processo que o consumo de tabaco acelera de forma decisiva.
Perante estes factos, os autores do estudo, que analisou 83 investigações de todo o mundo envolvendo perto de cinco milhões de pessoas com estas doenças mentais e uma população de controlo de quase 800 milhões, defendem uma mudança de paradigma. David Laguna-Muñoz, investigador principal, fez questão de salientar que “uma parte significativa da redução da esperança de vida entre as pessoas com doença mental é evitável”.
A equipa clama por uma ação concertada. No cerne das suas recomendações está a implementação de estratégias cerradas de saúde pública e clínica. A promoção agressiva da cessação tabágica nesta população vulnerável é apontada como crucial. Paralelamente, os cientistas advogam a intensificação de programas de vacinação e, de forma inovadora, a inclusão rotineira de testes de função respiratória nas consultas de saúde mental e até nas unidades de internamento psiquiátrico. É, defendem, uma forma tangível de fechar o fosso de anos de vida que estes doentes perdem.
NR/HN/Lusa



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