Saúde mental: Jovens adultos portugueses mostram índices alarmantes de ansiedade e burnout

11 de Outubro 2025

Quase metade dos jovens entre os 18 e os 24 anos reportou sintomas de saúde mental no último ano, mas o acesso a cuidados especializados mantém-se insuficiente. Estudo da Medicare revela ainda que 60% dos inquiridos consideram que as empresas não valorizam o bem-estar psicológico

Um retrato preocupante da saúde mental em Portugal emerge do mais recente Estudo Nacional de Saúde – Estado de Saúde Geral da População Portuguesa, desenvolvido pela Marktest para a Medicare. Quase 35% dos portugueses com idades entre os 18 e os 64 anos experienciaram problemas como ansiedade, burnout, ataques de pânico ou depressão nos últimos doze meses. Mas são os jovens adultos quem mais sofre: a taxa sobe para quase 50% entre os 18 e os 24 anos, e ronda os 42% na faixa dos 25 aos 34.

A necessidade de acompanhamento especializado é sentida por 30% da população, contudo apenas 17% conseguiram efetivamente consulta. Esta disparidade é especialmente notória entre as mulheres e os mais jovens, com cerca de 40% deles a afirmarem ter precisado de apoio. Filipe Freitas Pinto, Diretor Médico da Knok Healthcare, sublinha que “a saúde mental é uma dimensão crítica do bem-estar e da produtividade. Quando seis em cada dez portugueses sentem que não é valorizada no trabalho, estamos perante um desafio também económico e social”.

O estigma permanece uma barreira relevante. Quase um terço dos inquiridos não se sente à vontade para falar do assunto com familiares ou amigos, um valor que aumentou face a 2023. E, entre quem mais precisa de ajuda, a abertura para estas conversas diminuiu significativamente, o que sugere um silêncio ainda maior à volta do sofrimento psicológico.

No ambiente laboral, a perceção de desvalorização é clara: 60% dos portugueses consideram que a saúde mental não é tida em conta no local de trabalho. Esta visão é mais frequente entre os 45 e os 54 anos e naqueles que já vivenciaram sintomas ou procuraram ajuda. O estudo, que ouviu 953 pessoas, realça a urgência de respostas acessíveis, incluindo o recurso a plataformas digitais, para colmatar as lacunas no acesso aos cuidados.

PR/HN

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