Macau lança alerta para subida dos casos de febre chikungunya

12 de Outubro 2025

As autoridades da região semiautónoma chinesa de Macau lançaram hoje um alerta à população, face ao aumento das infeções locais pelo vírus chikungunya, após um surto na vizinha província chinesa de Guangdong.

No sábado à noite, os Serviços de Saúde de Macau (SSM) revelaram a deteção de mais dois casos locais, elevando para oito o total. Foram ainda registados 24 casos em pessoas vindas de exterior.

A chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos SSM, Leong Iek Hou, disse numa conferência de imprensa que existe “um risco contínuo de importação de casos” e que o risco de transmissão em Macau “é muito alto”.

Transmitido por mosquitos, chikungunya provoca febre e dores articulares, com sintomas semelhantes aos da dengue, afetando com maior gravidade crianças, idosos e pessoas com doenças preexistentes.

Ainda assim, o diretor dos SSM, Alvis Lo Iek Long, defendeu que “não é preciso entrar em pânico”, porque os casos locais de chikungunya “continuam a ser esporádicos” e “ainda não se regista uma infeção coletiva”.

Na China continental, quase 16.500 casos de chikungunya foram registados até ao final de setembro, num surto concentrado nas cidades de Foshan e Jiangmen, próximas de Macau e Hong Kong, que registou 32 casos.

As autoridades de Foshan impuseram medidas preventivas rigorosas, incluindo uso de redes mosquiteiras, ‘drones’ e desinfetante, com ameaças de multas e cortes de eletricidade para quem não eliminar águas paradas.

Alvis Lo disse que prefere contar com “a colaboração dos residentes”, não só para eliminar águas estagnadas, mas também para usar redes mosquiteiras e repelente de mosquitos.

A infecciologista Tian Yakun sublinhou que os quatro infetados atualmente internados nos hospitais de Macau são “casos ligeiros”, mas sublinhou que a febre pode levar a “dores articulares crónicas durante meses ou anos”.

A especialista recordou ainda que, de acordo com mais o recente relatório da Organização Mundial de Saúde, as infeções por chikungunya causaram 155 mortes em todo o mundo este ano, até ao final de setembro.

Em Foshan, os infetados são obrigados a permanecer no hospital durante pelo menos uma semana e as autoridades chegaram a impor quarentenas domiciliárias de duas semanas, entretanto suspensas por o vírus não se transmitir entre humanos.

Leong Iek Hou confirmou que em Macau foram tomadas “medidas semelhantes ao interior da China”, para evitar que os pacientes ainda com o vírus no sangue possam ser picados por mosquitos que transmitem a febre a outras pessoas.

No final de agosto, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças sublinhou que foram registados este ano 27 surtos de chikungunya, um novo recorde no continente europeu.

Em Portugal, o mosquito Aedes Albopictus (conhecido como “mosquito-tigre”), transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya, foi encontrado, só este ano, em Condeixa-a-Nova (Coimbra), na Covilhã (Castelo Branco) e em Pombal (Leiria).

lusa/HN

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