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A paisagem sonora do verão no Minho poderá ganhar um novo e indesejado zumbido. A Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga confirmou a presença estabelecida do mosquito-tigre (Aedes albopictus) no concelho de Vila Verde, um vetor com conhecida capacidade para transmitir vírus como os da dengue, zika e chikungunya. A confirmação, que acendeu um sinal de alerta nas autoridades de saúde pública, surgiu na sequência de um aviso recebido ainda no final do ano passado.
Perante o alerta, a Unidade de Saúde Pública da ULS Braga intensificou a vigilância no terreno, no âmbito da Rede de Vigilância de Vetores (REVIVE). O trabalho de monitorização, mais apertado e direcionado, não deixou margem para dúvidas: a espécie invasora, reconhecível pelas suas riscas brancas no corpo e patas, já não é uma mera visitante ocasional, mas um residente. Pedro Pereira, Coordenador da Unidade de Saúde Pública da ULS Braga, não esconde a preocupação, mas apela à calma. “A confirmação da presença do mosquito-tigre na nossa região exige um esforço conjunto entre as entidades de saúde, as autarquias e a população. Só com a colaboração de todos será possível controlar a sua expansão e reduzir o risco de transmissão de doenças”, afirmou. O responsável sublinha que, até ao momento, é importante notar que não foram encontrados mosquitos infetados com aqueles vírus, nem há registo de casos de doenças transmitidas localmente.
O combate ao insecto está agora a ser travado numa frente intersetorial que envolve várias entidades locais. O inimigo, porém, é furtivo e multiplica-se em pequenas quantidades de água parada. A estratégia passa, assim, por uma campanha de sensibilização que coloca cada cidadão na linha da frente. A ULS Braga está a distribuir um cartaz informativo com instruções práticas, apelando a uma participação ativa da comunidade. As medidas de autoproteção incluem o uso de repelente, vestuário comprido e de cor clara, e especial atenção nas horas de maior atividade do mosquito, ao amanhecer e ao entardecer. Mas o cerne da batalha está na eliminação dos criadouros. Esvaziar os pratos dos vasos de flores, virar ao contrário os recipientes que acumulam água no quintal, limpar caleiras entupidas e lavar com frequência os bebedouros dos animais de estimação são gestos decisivos. São nestes micro-habitats, muitas vezes negligenciados, que a fêmea do Aedes albopictus deposita os seus ovos.
A chegada e fixação deste mosquito a novas latitudes, fenómeno associado às alterações climáticas e à globalização do comércio, coloca novos desafios à saúde pública. O caso de Vila Verde funciona como um aviso. A eficácia da resposta dependerá, em grande medida, de uma mudança de hábitos da população, transformando cada jardim, cada varanda, num território hostil para o mosquito-tigre.
O cartaz informativo está disponível para consulta através do seguinte link: Cartaz ULS Braga – Mosquito Tigre



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