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HealthNews (HN) – A AJUTEC tem vindo a afirmar-se como um evento incontornável no setor. Tendo registado mais de 3.400 visitantes na última edição, como caracteriza a evolução deste projeto? Que elementos têm sido decisivos para consolidar a sua relevância junto de profissionais e instituições?
Diogo Barbosa DB) – Em primeiro lugar, o Impacto Quantitativo e Qualitativo. A última edição, com mais de 3.400 visitantes, é um indicador claro do interesse e confiança que o evento desperta junto de profissionais, instituições e público em geral. Este número não reflete apenas a dimensão do evento, mas também a sua capacidade de atrair um público diversificado e especializado, desde técnicos de saúde a decisores políticos e familiares de pessoas com necessidades específicas.
Depois a, Inovação e Atualidade deste evento. A AJUTEC distingue-se pela capacidade de se reinventar e acompanhar as tendências e necessidades do setor. A apresentação de soluções inovadoras, a discussão de temas atuais e a promoção de boas práticas em acessibilidade e inclusão são elementos centrais que garantem a pertinência do evento. A aposta em conteúdos práticos, como workshops, demonstrações de produtos e debates com especialistas, tem sido decisiva para cativar e fidelizar os participantes.
Por último, as Parcerias e Colaboração com instituições de referência, associações e empresas líderes no setor, que têm sido um fator-chave para a credibilidade e abrangência da AJUTEC.
HN – Um dos traços distintivos da AJUTEC é a sua capacidade de congregar, num mesmo espaço, especialistas de áreas tão diversas como a reabilitação, a geriatria ou a tecnologia. Na sua perspetiva, de que modo é que esta convergência multidisciplinar estimula a inovação no domínio da saúde e dos produtos de apoio?
DB – A convergência de especialistas de áreas tão diversas como a reabilitação, a geriatria e a tecnologia é, de facto, um dos maiores trunfos da AJUTEC. Esta abordagem multidisciplinar cria um ecossistema único, onde a troca de conhecimentos e perspetivas se traduz em oportunidades concretas de inovação. Na minha perspetiva, este cruzamento de saberes estimula a inovação no domínio da saúde e dos produtos de apoio; cria sinergias entre várias disciplinas, apresenta soluções holísticas e centradas no utilizador, acelera a transferência de conhecimento.
HN – Com um cenário de exposição e debate cada vez mais competitivo, que estratégias têm sido adotadas para assegurar que a AJUTEC continue a destacar-se como plataforma de discussão e apresentação de soluções pioneiras?
DB – Temos uma curadoria de conteúdos muito boa. A seleção rigorosa de temas, oradores e expositores é central. Priorizamos conteúdos que não só refletem as tendências atuais, como antecipam os desafios futuros da saúde, reabilitação e acessibilidade.
Mais do que uma feira, a AJUTEC é uma experiência. Apostamos em formatos dinâmicos- como demonstrações ao vivo, workshops práticos e zonas de teste de produtos – que permitem aos visitantes interagir diretamente com as soluções e os especialistas. Esta abordagem hands-on diferencia-nos de eventos mais tradicionais e reforça o nosso papel como espaço de aprendizagem ativa.
HN – A transformação digital está a reconfigurar o setor da saúde. Que tendências tecnológicas emergentes considera mais promissoras e como é que estas estarão refletidas na edição de 2026?
DB – É uma pergunta muito técnica, para alguém como eu, mas estou a assumir que Internet das Coisas (IoT) e Wearables através de dispositivos conectados – desde sensores em próteses a sistemas de monitorização doméstica, até à robótica assistida e os exoesqueletos que estão a quebrar barreiras na mobilidade e reabilitação. Estou também curioso para ver que tipo de soluções estão a usar a IA como ferramenta de auxílio, mas como lhe digo, é uma pergunta que será respondida melhor no decorrer da feira e da apresentação das novidades.
HN – A promoção da acessibilidade e inclusão é um dos pilares da AJUTEC. Pode partilhar algum caso concreto de projetos ou iniciativas apresentados em edições anteriores que tenham tido um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas com necessidades específicas?
DB – Um dos aspetos mais marcantes da edição de 2023 da AJUTEC foi precisamente o destaque dado a soluções que promovem a acessibilidade e a inclusão. Entre os vários projetos apresentados, salientamos:
Apresentação do projecto Snoezelen que consiste numa abordagem de estimulação sensorial que utiliza um ambiente multissensorial para promover o relaxamento, o bem-estar e a exploração em indivíduos de diferentes idades e condições. A terapia, desenvolvida na Holanda, envolve um quarto especialmente equipado com luzes suaves, sons, aromas e texturas que visam estimular os sentidos de forma controlada e segura, oferecendo benefícios como a redução da ansiedade, a melhoria do humor e o desenvolvimento de competências cognitivas e sociais.
Tecnologias de mobilidade adaptada apresentadas por algumas empresas, como cadeiras de rodas inteligentes com sistemas de navegação assistida, que aumentam a autonomia das pessoas com mobilidade reduzida no dia a dia.
Particularmente marcante foi a apresentação da tecnologia de condução com o olhar, destacada na talk “Da minha janela vejo o mundo: estudo de caso sobre o impacto da condução com o olhar na qualidade de vida”, organizada por uma empresa.
Este projeto demonstrou como a tecnologia assistida pode transformar radicalmente a autonomia de pessoas com mobilidade reduzida, permitindo-lhes controlar dispositivos e até conduzir cadeiras de rodas apenas com o movimento dos olhos. O estudo de caso apresentado evidenciou melhorias significativas na qualidade de vida, autoestima e independência dos utilizadores, reforçando o papel da inovação tecnológica como ferramenta de inclusão.
Além disso, outras iniciativas como a palestra “Acessibilidade Física à Informação e à Comunicação” pelo Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), e os serviços de reutilização de produtos de apoio apresentados pelo CERTIC, mostraram o compromisso da feira com soluções sustentáveis e acessíveis para todos.
HN – A próxima edição da AJUTEC está marcada para abril de 2026. Que novidades ou ajustes estão previstos? E, a longo prazo, que ambições definem para o futuro do evento?
DB – A longo prazo, a AJUTEC ambiciona ser muito mais do que um evento: queremos ser um motor de transformação no setor da saúde, acessibilidade e produtos de apoio, tanto em Portugal como na esfera internacional. Queremos ser uma Plataforma Global de Inovação e Conhecimento atraindo os melhores especialistas, instituições e empresas para debater, apresentar e desenvolver soluções que melhorem a qualidade de vida das pessoas.
É precisamente neste espírito de evolução e compromisso com a inovação que surge a MEDtech, uma nova iniciativa integrada na próxima edição da AJUTEC. Este evento assume uma abordagem focada na tecnologia de ponta aplicada à saúde e reabilitação, refletindo o avanço da digitalização e da inteligência artificial. A MEDtech posiciona-se como a principal plataforma em Portugal para apresentar as últimas soluções em tecnologia médica, equipamentos inovadores e tendências que estão a transformar os cuidados de saúde.



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