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A Fundação Champalimaud, em Lisboa, recebe de 15 a 17 de outubro o Champalimaud Research Symposium 2025, subordinado ao tema “Neurocibernética em Grande Escala”. O evento internacional juntará especialistas mundiais em neurociência, robótica, aprendizagem automática e teoria do controlo para investigar de que modo o comportamento e a inteligência emergem de circuitos de feedback que ligam cérebros, corpos e ambientes. O simpósio pretende fomentar perspetivas interdisciplinares e abordagens capazes de lidar com a complexidade do comportamento no mundo real.
Memming Park, Investigador Principal do Laboratório de Dinâmica Neural da Fundação Champalimaud e um dos coordenadores do simpósio, traça um paralelo entre os avanços na inteligência artificial e o potencial atual da neurociência. “Tal como o aumento da escala dos dados e da colaboração permitiu o surgimento de modelos de linguagem como o ChatGPT, antevemos uma transformação semelhante na compreensão do cérebro”, afirma. Park defende que a combinação de conjuntos de dados diversos e esforços integrados entre laboratórios poderá conduzir à construção de um modelo cibernético do cérebro em interação contínua com o meio.
Shreya Saxena, co-chair do evento e investigadora na Universidade de Yale, realça a complexidade dos dados neurais atuais. “Para descobrir os princípios computacionais do cérebro, precisamos de sistemas de IA de grande escala que se mantenham enraizados na biologia”, observa. Já Guillaume Hennequin, da Universidade de Cambridge, sublinha que a neurocibernética em grande escala encara a inteligência como um processo dinâmico que emerge de circuitos adaptativos entre cérebros, ambientes, máquinas e sociedades. “O progresso na neurociência e na IA será acelerado através da modelação e implementação cuidadosa destes processos de feedback”, acrescenta, recordando as origens históricas do conceito de cibernética.
O programa do simpósio inclui quatro palestras principais e diversas comunicações. Entre os oradores confirmados contam-se Adrienne Fairhall, que abordará a dinâmica de atualização de modelos internos no cérebro, Eva Dyer, pioneira no pré-treino de modelos de aprendizagem automática com dados neuronais, Jesse Marshall, da Meta, que apresentará uma interface neuromotora para interação homem-máquina, e Christopher J. Rozell, que estuda interações cérebro-corpo durante a tomada de decisões em ambientes naturais.
PR/HN



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