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A conversa marcada para as 11h45 no edifício da Av. João Crisóstomo tem um agenda clara e uma certa urgência. A OMD não se cansa de lembrar que, até hoje, nenhuma proposta orçamental conseguiu responder à dimensão do problema. Mais de seis milhões de portugueses vivem com necessidades de tratamento por satisfazer, um número que envergonha e que exige, segundo a classe, uma mudança de paradigma.
No centro da discussão estarão três pilares considerados não negoceáveis pela Ordem. Em primeiro lugar, o reforço dos gabinetes de medicina dentária nos cuidados de saúde primários, uma teimosia da OMD. Para além da criação de novos espaços, há uma prioridade que salta à vista: pôr a funcionar os cerca de 83 gabinetes que, apesar de já estarem equipados, permanecem inexplicavelmente encerrados, um desperdício que a ordem não compreende.
A reformulação do programa Cheque-Dentista surge como outra batalha. A OMD propõe a criação de cheques específicos para reabilitação protética e para casos de traumatismo, instrumentos que considera vitais para dar resposta ao flagelo dos desdentados e para travar problemas antes que se agravem. Miguel Pavão tem insistido na tese de que o investimento preventivo é uma jogada política inteligente. “Cada euro investido na prevenção é um euro poupado em urgências e hospitalizações, com ganhos diretos na qualidade de vida dos portugueses”, afirmou o bastonário, sublinhando que esta é uma escolha que transcende a mera gestão orçamental.
A OMD assegura a sua disponibilidade total para colaborar com o Governo na construção de uma estratégia nacional que seja ao mesmo tempo sustentável e inclusiva. Mas deixa um aviso subtil: sem uma aplicação real das medidas, toda a conversa sobre a complementaridade entre os setores público, privado e social não passará de mais um exercício de retórica. A maratona de reuniões da OMD nesse dia inclui ainda um encontro matinal com a secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes, e uma conversa à tarde com o presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Filipe Neto Brandão. Um esforço concentrado para tentar moldar, em cima da hora, as opções do Executivo.



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