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A realidade laboral para os jovens com deficiência em Portugal mantém contornos preocupantes. Dados de 2020 revelam uma taxa de desemprego de 20,3% entre as pessoas com deficiência, contra 11,8% na população sem deficiência. No setor privado, apenas 0,65% dos trabalhadores em empresas com mais de 10 colaboradores tinham algum tipo de deficiência, segundo os últimos dados disponíveis, de 2021.
Foi para tentar mudar este cenário que a EPIS – Empresários Pela Inclusão Social desenvolveu, ao longo de três anos, o manual Vencer os Desafios da Inserção Profissional de Jovens com Deficiência – Boas Práticas no Terreno. A obra, que reúne 46 casos reais de sucesso, pretende ser uma ferramenta prática para empregadores. “A taxa de desemprego dos jovens com deficiência continua a ser muito alta face à média do mercado. É urgente inverter esta tendência”, afirma Diogo Simões Pereira, diretor-geral da EPIS.
O documento, disponível para consulta, percorre todas as etapas do processo de inclusão laboral, desde o recrutamento até ao desenvolvimento de carreira. Nele se encontram casos como o do Programa INCLUIR do Grupo Jerónimo Martins, que desde 2015 já impactou mais de 2000 pessoas, ou a plataforma VALOR T, uma iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que faz a ponte digital entre candidatos e empregadores.
No campo da formação, o Semear Academia, promovido pela Associação BIPP, oferece percursos diferenciados que podem durar até três anos, com foco na integração em negócios sociais ou no mercado aberto. Já a Associação Salvador criou os Estágios Trampolim, estágios de curta duração totalmente financiados que servem como experiência para ambas as partes.
Do lado do apoio financeiro direto, as Bolsas Sociais EPIS apoiaram, entre 2019 e 2024, 75 jovens adultos com deficiência na realização de estágios profissionais. Desses, 38 concluíram os estágios e 18 foram contratados, representando uma taxa de contratação de 24% entre os que terminaram a formação em contexto real de trabalho.
Apesar dos convites dirigidos a 63 entidades empregadoras para partilharem as suas práticas, apenas 32 mostraram interesse inicial. Após reuniões, concluiu-se que apenas 22 trabalhavam a empregabilidade de pessoas com deficiência de forma sistemática. Este dado, registado no manual, ilustpa a dimensão do desafio que ainda persiste.
O manual serve assim de roteiro para uma mudança que a EPIS considera premente, não só por uma questão de justiça social, mas também como fator de competitividade para as organizações. O desafio está lançado.
Mais informações: https://www.epis.pt/.
PR/HN



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