![]()
Num movimento calculado para marcar a agenda política, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) levou a cabo nos últimos dias uma ronda exaustiva de contactos com as forças partidárias representadas na Assembleia da República. A iniciativa partiu do próprio sindicato, que procurou assim capitalizar o período crucial que antecede a apresentação e discussão do Orçamento do Estado para 2026.
As portas abriram-se no PSD, no Chega, no PS, na Iniciativa Liberal, no Livre, no PCP, no CDS-PP e no Bloco de Esquerda. Do leque de conversações ficaram de fora, por ora, o PAN e o JPP, embora o SIM tenha confirmado que solicitou também esses encontros, numa tentativa de deixar pedra sobre pedra. O cerne dos diálogos residiu na apresentação de um denso Caderno Reivindicativo, um documento que o sindicato trata como a sua bíblia negocial para os próximos tempos.
Nele, o SIM desenha um mapa de exigências que toca pontos sensíveis da administração pública e do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A revisão do sistema de avaliação de desempenho (SIADAP) surge como uma das bandeiras, acusando-se o actual modelo de ser disfuncional e injusto. No capítulo laboral, a redução do horário semanal de 40 para 35 horas é apresentada não como um mero benefício, mas como uma questão de equidade com outras carreiras do Estado.
A melhoria dos regimes de dedicação plena e a realização de concursos médicos atempados são vistas como cruciais para travar a estagnação profissional e a fuga de cérebros. O sindicato argumenta que sem progressão na carreira e sem contratuação célere, o país continuará a perder recursos para o estrangeiro e para o sector privado. A valorização salarial, incluindo os suplementos por funções de chefia, é outro pilar, com o SIM a considerar que o esforço de direcção de equipas está longe de ser justamente compensado.
Para lá das questões que directamente afectam os seus associados, o sindicato não ignorou a operacionalidade do sistema. O reforço dos serviços de urgência e do INEM, com equipas completas e condições de segurança, foi uma mensagem deixada a todos os interlocutores. No mesmo sentido, apontou-se a necessidade de melhorar os cuidados de saúde primários, revisitar a Portaria do IDE e ajustar a dimensão das listas de utentes, medidas que, garantem, facilitariam o acesso da população.
Há, no entanto, uma preocupação transversal que molda toda esta estratégia: a de actuar como um interlocutor independente e responsável, distante do ruído político-partidário. O SIM tenta posicionar-se não como um mero reivindicador de direitos corporativos, mas como um parceiro na construção de soluções para um SNS mais justo e sustentável. Se as propostas serão ouvidas no emaranhado das negociações orçamentais, é uma incógnita que só o tempo desvendará. O documento completo está acessível para consulta no site oficial do SIM: AQUI
PR/HN



0 Comments