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A ligação entre o que se come e a saúde é conhecida, mas um novo estudo traz agora um mapa mais detalhado sobre quais os nutrientes com um papel decisivo na prevenção de doenças crónicas que afetam milhões. Trabalhando sobre uma vasta análise de investigações dos últimos 15 anos, os autores identificaram substâncias como as fibras, o magnésio e os ácidos gordos ómega-3 como aliados poderosos, ao mesmo tempo que alertam para os perigos de um consumo sem controlo de sódio, selénio e até de cálcio proveniente de laticínios.
As fibras alimentares, por exemplo, não são todas iguais no seu efeito. Se as dos cereais cortam o risco de cancro colorretal, problemas cardíacos e diabetes tipo 2, já as que vêm de frutas ou legumes atuam de forma mais específica no aparelho respiratório e digestivo. É uma daquelas nuances que pode fazer a diferença nas escolhas à mesa.
O cálcio apresenta-se como um caso particular. Mostra-se protetor contra cancros da mama e do cólon, além de acidentes vasculares cerebrais e diabetes. No entanto, a mesma investigação encontrou uma associação entre a sua ingestão elevada a partir de produtos lácteos e um risco aumentado de cancro da próstata, um dado que complica a narrativa simplista sobre este mineral e sublinha a complexidade da nutrição.
Já o magnésio surge como um estabilizador de peso, com impacto na prevenção da hipertensão, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mesmo depressão. Os ómega-3, por sua vez, continuam a justificar a sua fama de guardiões do coração, reduzindo a probabilidade de doença coronária. Até o ómega-6, tantas vezes visto com desconfiança, pode ter um lado bom, ajudando a reduzir o risco de diabetes quando usado para substituir gorduras saturadas.
Pelo lado dos riscos, o sódio mantém-se como um velho conhecido dos problemas de pressão arterial e doenças cardiovasculares. Já para micronutrientes como o zinco e o selénio, a relação com a saúde é tortuosa, seguindo padrões não lineares onde tanto a falta como o exageroprejudicam.
Ricardo Assunção, professor da Egas Moniz, realça que a grande mensagem vai além de nutrientes isolados. “Este estudo mostra que uma alimentação equilibrada e diversificada é essencial para proteger a saúde e promover bem-estar ao longo da vida. Mais do que nos focarmos em nutrientes isolados, devemos apostar em práticas alimentares saudáveis que maximizem os benefícios e minimizem os riscos”, afirmou.
O trabalho, divulgado no Dia Mundial da Alimentação, servirá de base para avaliações de risco-benefício alimentar (RBA), um instrumento técnico que promete refinar as futuras orientações nutricionais. A Egas Moniz School of Health & Science enquadra esta investigação no seu compromisso mais lato com a saúde pública e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A investigação está disponível online: https://www.mdpi.com/2304-8158/14/8/1420. Mais informações sobre a instituição em https://www.egasmoniz.com.pt/.
PR/HN



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